Como anda a construção civil? Como estão seus números?
Como anda a construção civil?
No artigo de hoje vamos voltar a falar um pouco sobre a construção civil. Por ser um assunto que está na mídia, somos diariamente bombardeados com notícias um tanto desconexas sobre o tema. Todos falam está a piorar, mas poucos falam sobre como chegaram a esta conclusão e o que isto nos impacta. Por isto, vamos mostrar alguns gráficos do setor neste post para que você possa tirar suas próprias conclusões sobre comprar, manter ou vender. Os imóveis estão transformando-se em “quase ações”, dada a especulação para cima deles.
Como está o emprego formal na construção civil?
A primeira figura mostra o “saldo do emprego formal na construção civil”, dados estes fornecidos pelo CAGED/MTE.
Figura 1: saldo do emprego formal na construção civil de janeiro de 2002 a março de 2015. Fonte: CAGED/MTE.
Numa rápida olhada para a figura 1 é possível verificar duas coisas: sazonalidade dentro do ano e tendência de queda. Para melhorar esta análise, vamos elaborar um gráfico de controle X-barra R com subgrupo de tamanho 12 (meses), para mostrar o comportamento ao longo dos anos.
Figura 2: gráfico x-barra r do saldo do emprego formal na construção civil de janeiro de 2002 a março de 2015. Fonte: CAGED/TEM.
A figura 2 deixa claro que a coisa não está muito boa na construção. O primeiro gráfico mostra que a média de empregos gerados no mês está caindo, mesmo se olharmos somente até 2014. Já a variação dentro do ano, também aumentou bastante, estourando os limites de controle em 2014. Desta forma, é nítido que a freada no emprego começou em 2014, que de 2002 até 2007 a indústria era estável e que a aceleração nas contratações, respeitada a sazonalidade, foi de 2008 até 2013.
Como o emprego formal evoluiu?
Outro gráfico interessante é elaborarmos um Box Plot ou um Interval Plot sobre a distribuição da geração de emprego nos meses ao longo dos anos. Isto irá nos mostrar de uma maneira mais clara, o que esperar dentro daquele mês, alertando-nos se o inesperado acontecer.
Figura 3: gráfico para análise da variabilidade entre os meses do ano.
Na figura 3 vemos que dezembro é o pior mês, em termos de geração de empregos na construção, e janeiro, o melhor. Porém, se analisarmos janeiro de 2015 veremos que o valor foi negativo. Se o que era para ser melhor, foi pior, imaginem o dezembro de 2015.
Como estão os financiamentos para a construção civil?
Outros dados interessantes, muito comentados pela imprensa, são os números do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) do SFH (Sistema Financeiro da Habitação). Dentre eles, escolhi o número de unidades financiadas para a construção e aquisição de imóveis, de janeiro de 2006 até janeiro de 2015. Será que no Brasil financia-se mais para construção ou aquisição? Será que o número de unidades está aumentando? Vamos aos gráficos.
Figura 4: número de unidades financiadas para a construção e aquisição de imóveis, de janeiro de 2006 até janeiro de 2015. Fonte: SFH
Pela figura 4, é possível ver que o financiamento para construções novas atingiu seu pico em junho de 2011 e de lá para cá, parece permanecer estável. Os financiamentos para aquisição de imóveis usados, por sua vez, estabilizou em 2013, não crescendo mais. Além disto, fica claro que a especulação imobiliária (compra e venda de imóveis prontos) realmente cresceu bastante no Brasil nos últimos anos, cresceu mais que a indústria da construção em si. A liquidez no setor foi a patamares bem altos.
Para analisar o comportamento ao longo dos anos, vamos replicar o conceito utilizado para analisar os empregos, ou seja, o gráfico x-barra r.
Figura 5: x-barra r número de unidades financiadas para a construção, de janeiro de 2006 até janeiro de 2015. Fonte: SFH.
Figura 6: x-barra r número de unidades financiadas para a aquisição, de janeiro de 2006 até janeiro de 2015. Fonte: SFH.
Os financiamentos da construção civil estão saindo?
Pela figura 5, fica clara a estabilização do financiamento para a construção de 2010 até 2014. Para as aquisições, a figura 6 mostra crescimento forte de 2006 até 2012 e estabilização em 2013 e 2014. E agora, o que esperar para 2015?
Pelos gráficos, posso apostar no arrefecimento da construção ainda maior e um início de redução nos financiamento de unidades prontas. Depois desta análise de dados, fica claro o motivo da Caixa Econômica Federal em aumentar para 50% a entrada do imóvel usado. Eles querem estimular o setor dos imóveis novos, já que a indústria da construção está estável desde 2010. Minha predição é que esta medida reduza ainda mais os financiamentos para unidades prontas. Vamos esperar para ver e aí, comparar nossa predição com a realidade.
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