Análise de dados

15/05/2020

Última atualização: 18/01/2024

O que é e para que serve o Diagrama de Pareto?

O Diagrama de Pareto, também chamado de “gráfico de Pareto”, é uma das 7 ferramentas básicas da qualidade que visa focalizar os esforços de melhoria. 

Ele é útil sempre que classificações gerais de problemas (erros, defeitos, feedback de clientes, etc.) puderem ser compilados na forma de valores para estudo e ações posteriores. 

Nessa ferramenta, as frequências de cada causa são representadas de forma semelhante a um histograma, porém em ordem decrescente por barras e o total acumulado é representado por uma linha.

O que é o Diagrama de Pareto e para que serve?

O Diagrama de Pareto é uma ferramenta gráfica que é amplamente usada em gestão e em estatística para identificar os fatores mais significativos em um conjunto de dados.

A princípio, seu propósito não é identificar causas, visto que outras ferramentas, tais como diagrama de controle, diagrama de dispersãodiagrama de Ishikawa e experimentos planejados são mais específicos para essa tarefa. O nome da ferramenta partiu do princípio de Pareto. Este princípio, por sua vez, deriva seu nome de Vilfredo Pareto, um famoso economista italiano.

O princípio baseia-se em distribuições desiguais. É a lei das poucas causas significativas contra as muito triviais. As poucas causas significativas geralmente representam 80% do todo, enquanto as muito triviais representam cerca de 20%, e esse conceito é conhecido como regra 80/20. A fim de melhorar um processo, é importante concentrar esforços nas poucas causas significativas de um problemas.

Exemplos nos quais ele pode ser útil para classificar problemas:

Como aplicar o Diagrama de Pareto?

Um dos objetivos centrais de um programa de qualidade é reduzir perdas provocadas por itens defeituosos que não atendem às especificações, visto que há muitos tipos de defeitos que invalidam o produto. 

Concentrar esforços no sentido de eliminar todos os tipos de defeitos não é uma política eficaz, assim devemos focar nos tipos de defeitos que são responsáveis pela maioria das rejeições, sendo mais eficaz atacar as causas desses poucos defeitos mais importantes, por isso a necessidade de utilizarmos o Diagrama de Pareto. 

Uma empresa de embalagens precisava reduzir custos com peças defeituosas encontrados em sua produção. Como a empresa não sabia por onde começar, decidiu-se utilizar o conceito do Diagrama de Pareto para analisar quais defeitos ocorriam com maior frequência. Durante duas semanas, os dados foram coletados, resultando no diagrama a seguir: 

Figura 1 - Gráfico de Pareto do tipo de defeito. 

Note que é muito fácil observar no diagrama que trabalhar primeiro. Defeitos do tipo "não selagem" são responsáveis por mais de 80% de todos os defeitos, assim fica claro que a equipe de melhoria deve começar por essa seção. Se quiserem dar mais foco ainda, podem começar pelo defeito de "não selagem no topo", pois apenas esse tipo de defeito é responsável por mais de 40% dos defeitos totais.

Como analisar o Diagrama de Pareto?

No exemplo anterior, no eixo vertical, utilizamos a frequência das ocorrências com que ocorriam os defeitos, porém pode-se utilizar outras funções. Um cliente cujo negócio era a distribuição de sistemas de automação estava interessado em reduzir o quanto era gasto com cada fornecedor para trocar peças que apresentavam defeitos em campo. 

Portanto, eles coletaram durante um mês todos os sistemas que precisavam ser trocados e qual era o fornecedor desse sistema. Contudo, eles sabiam também que existia uma grande diferença entre os preços, com sistemas simples que custavam R$ 300,00 até sistemas complexos cujo custo era R$ 2.000,00. 

Figura 2 - Gráfico de Pareto do custo com problemas de cada fornecedor.

Neste caso, cada defeito houve uma multiplicação, de fato, pelo custo do seu sistema (o que é uma estratégia comum na utilização de Diagrama de Pareto) e essa variável foi utilizada para a construção do Pareto. Com essa análise, foi possível focar no fornecedor D, uma conclusão bem diferente do que obteríamos se olhássemos apenas para a frequência.

Como fazer um Diagrama de Pareto?

A construção de um Diagrama de Pareto segue as seguintes etapas, comentadas aqui para ajudar você e sua equipe de melhoria a fazer uma boa análise de dados.

Passo 1: Entenda o que você quer analisar com o diagrama.

Todo Diagrama de Pareto tem uma finalidade, por isso, entender o que você quer resolver com ele é fundamental para decidir qual dados é necessário coletar. Nos dois exemplos acima, foi ensinado como formular o problema, analisando o tipo de defeito mais frequente e o fornecedor mais custoso. Dessa forma, decidir qual dessas análises seguir é o passo inicial da construção do diagrama de Pareto.

Passo 2: Colete os dados

Só se faz um Pareto com dados. Para coletar bons dados, você pode se valer de outras ferramentas, como formulários de coleta de dados ou folhas de verificação. Complete um “Formulário de Planejamento para Coleta de Dados”. Essa etapa de planejamento é importante para construir um diagrama de Pareto porque leva a equipe a considerar eventualmente:

Desenvolva uma lista de verificação simples que satisfaça as considerações assinaladas no passo 2. Os dados se classificam por tipo de: Problema ou defeito; Departamento; Local; Tempo; Tamanho; E outros. Uma vez que já está com os dados coletados suficientes (pelo menos 30 ocorrências), passe para o passo 3.

Passo 3: Organize os dados para coleta

Compile os dados que você coletou. Em outras palavras, você pode já contar a frequência de cada item a analisar no diagrama de Pareto e montar uma tabela, ou então, caso esteja usando um software como o Minitab, pode compilar os dados no formato de banco de dados.

Passo 4: Desenhe barras com as frequências organizadas da maior para a menor (da esquerda para a direita)

Caso esteja usando o Excel, você pode criar esse diagrama de barras a partir da planilha de dados.Do mesmo modo no Minitab, esse passo e os próximos se realizam automaticamente. Para mais detalhes de como fazer isso no Excel, baixe nossa apostila de "Como fazer um Pareto no Excel". Não esqueça de ajustar as escalas.

Passo 5: Insira um diagrama de linha com as porcentagens acumuladas de cada classificação

Para isso, você terá que calcular a porcentagem de frequência de cada "defeito" relativa ao número total de defeitos. Uma vez que essas porcentagens estão calculadas, você deverá traçar o diagrama de linha. (Consulte o manual do passo acima para saber como fazer isso no Excel). Ajuste as escalas para serem mostradas de 0 a 100%.

Passo 6: Análise seu Pareto

Uma vez finalizado o diagrama, veja se há alguma classificação se sobressaindo. Caso haja, podemos dizer que se aplica o princípio de Pareto nela? Monte seu plano de ação e comece as melhorias!

Quando usar o Diagrama de Pareto?

Um diagrama de Pareto é uma ferramenta de análise visual usada para identificar as causas mais significativas de um problema. Ele é geralmente usado na gestão da qualidade, especialmente no contexto do Seis Sigma, para priorizar as ações de melhoria.

Você deve usar um diagrama de Pareto quando:

Lembre-se que embora a regra 80/20 seja um bom ponto de partida para a análise de Pareto, a distribuição exata pode variar. Em alguns casos, pode ser que 70% do problema seja causado por 30% das causas, ou 90% do problema por 10% das causas. O importante é identificar e se concentrar nas causas que têm o maior impacto.

Como estratificar os dados no Diagrama de Pareto?

Algumas vezes, as classificações de dados podem ser sistematicamente subdivididas, ou estratificadas, por meio de técnicas de análise de Pareto, a fim de aprimorar a investigação sobre onde focalizar os esforços de melhoria. 

Por exemplo, em “Erros em Relatórios de Despesas”, uma questão poderia ser “Quanto que as áreas diferentes estão contribuindo para cada tipo de erro?” Essa pergunta, tem como reposta, usando qualquer um dos seguintes três métodos para estudar estratificação usando análise de Pareto:

O melhor método de estratificação depende de qual método permite que os dados sejam de uma forma mais fácil de interpretar.

Como o aproveitar o máximo possível?

Existem muitas opções para o eixo vertical nos diagrama de Pareto. A escala mais comum é a do número de ocorrências. Três alternativas importantes são:

A escala de tempo deve-se como objetivo a redução de tempo parado. Pois ao se decidir sobre onde focalizar os esforços de melhoria usando análise de Pareto, deve-se considerar cuidadosamente uma escala apropriada. Frequentemente, vários diagramas de Pareto devem ser preparados com escalas diferentes. 

Como a estabilidade o afeta?

Da mesma forma às outras ferramentas que tem a função de investigar e melhorar processos, como diagramas de frequência. Em síntese, deve-se usar o diagrama de Pareto com o conhecimento prévio da estabilidade da característica medida. 

Se o processo for estável, o diagrama de Pareto mostra os importantes modos de falha ou classificações de problema produzidos pelo sistema de causas comuns. E se o processo for instável, haverá de ter uma estratificação dos dados para separar os dados obtidos quando causas especiais estavam presentes dos dados que se advém por causas mais comuns. 

Assim, a análise de Pareto pode ser feita para as duas situações. Uma escala percentual usualmente é apropriada para comparar os estratos, uma vez que o número de observações em cada grupo pode ser drasticamente diferente. Além disso, Diagramas de Pareto são excelentes para mostrar o efeito de uma mudança, em um processo ao usar dados tanto de antes quanto de depois da implementação da mudança.

O Diagrama de Pareto na Prática

Um exemplo claro de um gráfico de Pareto, é em uma equipe trabalhando no desempenho de entrega de seus fornecedores. Todavia, ao descobrir que os próprios fornecedores necessitavam fazer mudanças em seus sistemas para melhorar a entrega dentro do prazo, perceberam que seria necessário treinar cada um deles. No entanto, como contavam com 4.000 fornecedores, isso parecia uma tarefa impossível.

Para realizar a tarefa considerada a princípio impossível, a equipe focalizou seus esforços de melhoria nas poucas causas significativas. Ao invés de pensar a respeito de 4.000 fornecedores, cada agente de compras trabalhou com poucos fornecedores significativos (vitais) a cada mês, assim o desempenho de entrega no horário foi estabelecido como parte desse esforço focalizado.

Essa análise de Pareto é baseada em um ponto de vista de “cliente”, ou seja: quantas vezes o cliente sofreu inconveniências devido a uma entrega atrasada? (Observe que, do ponto de vista de um fornecedor, a porcentagem de entregas no horário seria uma medida mais apropriada).

O que é o Diagrama de Pareto das Causas?

Podemos questionar se as classificações escolhidas apresentam as informações mais úteis e podemos questionar a precisão das contagens, mas se estivermos confiantes nesses dois pontos o diagrama de Pareto tem um significado definido para todos os membros da equipe. Outro uso do diagrama de Pareto é o de resumir dados a respeito das “causas” de um dado efeito, apesar de diagramas de Pareto para “causas” serem usados comumente, é preciso tomar alguns cuidados especiais. 

Como exatamente podemos interpretar esse diagrama? Portanto , a determinação de “causas” requer o julgamento de um perito, algumas vezes usando ferramentas de qualidade tais como diagramas de controle, diagramas de dispersão ou planejamento de experimentos. Dessa forma, sempre que declararmos que sabemos a “causa” de algo devemos considerar qual é o grau de nossa crença. Ele é alto, baixo ou algo no meio?

Quais dados e quais análises estamos usando para apoiar nossa crença sobre o sistema de causa?

Portanto, deve-se notar que entender “causas” é uma coisa bem diferente de simplesmente colocar uma observação em uma de várias categorias que nós mesmos fornecemos. Grandes desperdícios e perdas podem resultar de pensar que sabemos o sistema de causas quando, de fato, tudo que tínhamos era uma opinião pobremente fundamentada, tornada ainda mais perigosa por sua apresentação “autorizada” como dados em um diagrama.

Além disso, outro problema surge quando tentamos usar a análise de Pareto para resumir nosso conhecimento do sistema de causas. Com frequência não existe uma causa única ou dominante. Por exemplo, um produto pode ter ficado com defeito devido a uma combinação de matéria prima ruim, ferramentas desgastadas e técnicas operacionais ruins. Mesmo que suponha que somos capazes de produzir uma estimativa razoável para a contribuição de cada um desses fatores, como relataremos isso em nosso diagrama de Pareto?

Uma contagem em cada categoria? Uma contagem de um terço em cada categoria? Frequentemente, um efeito terá como causa uma interação de causas. Por exemplo, um processo pode ser capaz de produzir um bom produto com matérias primas de qualidade inferior ou com uma ferramenta já meio gasta, mas o processo produzirá defeitos quando ambos estiverem presentes ao mesmo tempo.

Como listaríamos as causas desse efeito? Essas são questões a considerar cuidadosamente antes de se usar um diagrama de Pareto para resumir conhecimentos sobre o sistema de causa.

O que você deve saber sobre o Diagrama de Pareto?

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