Liderança: como ser um melhor líder por meio das relações humanas?
Carreira

13 de dezembro de 2018

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Liderança: como ser um melhor líder por meio das relações humanas?

O que é a liderança humana e como aplicá-la para tornar-se um líder melhor?


Alguns executivos têm tentado arduamente fazer tudo certo no papel, no entanto, quando em grupos de trabalho, seus funcionários não se sentem comprometidos com as tarefas ou confiantes de que o projeto é importante para a empresa como um todo. A liderança não é algo simples.


Esses líderes lutam para gerenciar um volume grande de negócios por longos períodos ​​de tempo. Essa tarefa pode ser exaustiva, prejudicando a atenção e gerenciamento de pessoas. Outros falham ao impulsionar a mudança transformadora que seus cargos exigem, pois agem mais como gerentes do que como um líderes.


É fato que muitos desses executivos foram realmente promovidos a cargos de liderança e gestão de pessoas por sua performance exemplar em seu trabalho individual. Infelizmente, as atuais filosofias e práticas de gerenciamento de pessoas levam à promoção de indivíduos que nem sempre estão prontos para lidar com esse poder e autoridade.


Inevitavelmente, aqueles promovidos a líderes por causa de seu impacto como contribuintes individuais tendem a se confortar nas maneiras conhecidas de trabalhar. Eles se concentram em chegar ao final do projeto e consideram essa sua meta principal. Entretanto, um líder deve gerenciar projetos e, ao mesmo tempo, promover inovação e melhorias à empresa.



Como podemos definir a liderança?


A liderança hoje é comumente definida como o estado ou a posição de fornecer uma oportunidade de ação. Em seus termos atuais, a liderança é uma característica intimamente ligada à ação. As pessoas em posições hierárquicas elevadas, tanto em empresas como em cargos públicos, são chamadas de líderes por conta do papel que atribuímos a elas.


Direcionamos nossas expectativas à pessoa, e não ao papel, para conduzir a ação. Então, quando eles não atendem aos nossos padrões ou perdem a conexão com a realidade, questionamos o porquê.


Curiosamente, quando olhamos para a etimologia da palavra liderança, vemos um significado ligeiramente diferente daquele que adotamos ao longo dos anos. Uma definição melhor relaciona a palavra à uma pessoa capaz de guiar, um educador para a realização de um processo. Nesta definição, há um forte foco na ligação entre o eu e o outro, existe um aspecto relacional entre o líder e aqueles à sua volta.


Em outras palavras, a liderança em seus termos originais é menos sobre “fazer” algo e mais sobre “conduzir” a algo.



Por que se preocupar com a definição de liderança?


Sabemos que na fisiologia humana nossos cérebros e corações pulsam juntos, literalmente. Se você fizer uma cirurgia cerebral aberta, verá que os dois órgãos estão mantendo um ritmo. Quando se está a cem quilômetros por hora, os órgãos tentam se ajustar a todo custo. Para os líderes atuais, que se sentem dessa forma por conta das expectativas próprias e do meio em que estão, essa situação pode levar a desequilíbrios diversos.


Imagine ser escolhido para um papel de liderança de pessoas porque você é capaz de obter resultados através de sua contribuição individual ao longo dos anos. Imagine ser elevado na percepção de seus colegas.


se você não for treinado para acessar suas emoções e conhecer os outros a partir de um lugar autêntico, se você não for treinado para aumentar suas capacidades em momentos de estresse, ao longo do tempo, você se verá cada vez mais rígido em sua maneira de trabalhar. Isso ocorre pois você se sentirá em uma situação de sobrevivência: você encontrará pessoas que acompanham suas formas de trabalho melhor do que outras, o que gerará todos os tipos de novas suposições para você.


Antes que você perceba, começará a acreditar que deve ter merecido seu lugar e começar a ver os outros como não tão dignos. É aí que você começará a desenvolver um senso de confiança falsa em si mesmo e naqueles que trabalham melhor com você. Este é um tipo de confiança que não é baseada no respeito próprio e no amor incondicional, mas sim no respeito e medo dos outros.



Como funciona o cérebro no quesito liderança?


É um fato lamentável que nossos cérebros não possam diferenciar entre o que é imaginado e real. O cérebro sempre interpretará as situações por meio do que lhe é mais familiar. Portanto, uma vez que você esteja convencido de algo, mesmo que falso, você ficará convencido de suas maneiras de “fazer”, inconsciente do impacto do seu “ser”. Eventualmente, você se encontrará em um ciclo vicioso que assola muitos líderes e terá dificuldades para sair.


É significativamente mais fácil construir suas habilidades de liderança a partir do zero, em vez de tentar se reconectar a uma lembrança de si mesmo. De qualquer forma, vale a pena o esforço para mudar. Nossa capacidade de liderar de maneira autêntica tem benefícios para nós e para aqueles à nossa volta.


A pesquisa do Relatório de Gestão, CIPD, de 2016, sobre saúde e bem-estar mostra que os funcionários que recebem algum apoio emocional no trabalho são mais de duas vezes mais propensos a viver mais do que os funcionários que não possuem um local de trabalho solidário.



Permanecer íntegro e ter conexões humanas de qualidade no trabalho não são boas apenas para as pessoas.


De acordo com “Efeitos das Práticas Positivas na Eficácia Organizacional”, da Universidade de Michigan, quando os líderes adotam uma visão de negócios centrada no ser humano, que enfatiza as culturas de respeito, confiança, compaixão e sabedoria, o desempenho da organização também aumenta, em proporção ao bem-estar individual.


Líderes desempenham um papel fundamental em nossos locais de trabalho e sociedades, e apesar de muitos não estarem preparados para liderar, todos aqueles que detêm lugares de autoridade têm o poder de moldar nossas experiências no dia a dia.



Todos nós temos preocupações e medos. Todos carregamos uma criança dentro de nós.


Liderança transformadora não se trata de ser perfeito, nem de fingir algo que não somos. Trata-se de nos esforçarmos para sermos os nossos melhores e levar esse esforço adiante todos os dias para inspirar aqueles ao nosso redor.


Fizemos muitos progressos em nossa nas práticas de liderança e gestão de pessoas ao longo dos anos, mas muitas inconsistências e comportamentos danosos continuam.


Podemos identificar qual é o problema. Se pudermos estar curiosos sobre o que queremos recriar, isso pode nos ajudar a nos tornarmos os líderes que queremos guiar.



Aqui estão alguns princípios para uma liderança mais humana:



  • Amor próprio: A liderança humana é baseada no respeito a si mesmo e no amor incondicional. Garanta o direito igual de todas as pessoas à equidade, dignidade e integridade. Reconheça todas as pessoas por quem elas são, aceitando suas contribuições singulares trate-as com respeito. Mesmo nos cenários mais difíceis, um líder humano de sucesso deve fazer valer a compaixão e a racionalidade entre todos.

  • Autodeterminação e liderança: a liderança humana entende que a transformação ocorre a partir da consciência dos processos, e da conexão com o trabalho.  A clareza dos processos para todos permite maiores conexões positivas dá confiança aos funcionários e líderes. Um líder de sucesso deve olhar ativamente para si e para os processos de trabalho interno a fim de direcionar todos com sincronia.

  • Autoaprendizagem:  liderança humana reconhece a bagagem de experiência que carregamos e promove o crescimento como um valor-chave. Essa metodologia aceita nossas limitações, não esperando que realizemos nossas tarefas como robôs. Ao invés disso, celebra as conexões que construímos, pois nos permitem trazer alma e magia para o trabalho. Isso se reflete de maneira evidente nos resultados na medida em que todos estão buscando o crescimento e aperfeiçoamento.


Os líderes têm a capacidade de mudar a realidade das pessoas todos os dias. Quando o fazem, o ato torna-se contagiante. Uma liderança mais humana e racional não é apenas possível - ela é necessária para que nossa força de trabalho lide com as complexidades da vida no século XXI.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.