A importância do Storytelling para o Design Thinking
Design Thinking

18 de julho de 2017

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

A importância do Storytelling para o Design Thinking

A importância do Storytelling para o Design Thinking


Storytelling, a arte de contar histórias, sejam elas reais ou ficcionais - inclusive as puramente motivadoras - é uma ferramenta central do Design Thinking, uma vez que esta é uma abordagem centrada no ser humano. O storytelling é tão importante que vários livros são dedicados apenas ao estudo e à prática dessa ferramenta. Na FM2S  temos um curso inteiro apenas sobre este assunto.


A consciência, a linguagem e a sociedade desenvolveram íntima relação com as tecnologias para contar histórias ao longo do desenvolvimento da história humana.


Em grande parte, usamos histórias para contextualizar e dar significado às nossas ideias. Asim, a capacidade humana de contar histórias – o storytelling – desempenha papel importante no Design Thinking, por ser esta uma abordagem intrinsecamente centrada no ser humano e nas interações humanas.


O motivo por trás disto é muito simples: o Design Thinker precisa contar histórias para propagar suas ideias inovadoras.



Como o storytelling é aplicado aos projetos com Design Thinking?


Quando criamos vários pontos de contato ao longo da jornada do cliente, estamos estruturando uma série de eventos que se baseiam uns nos outros, em ordem sequencial, ao longo do tempo.


Os Storyboards, que são improvisações de cenários, estão entre as várias técnicas narrativas que nos ajudam a visualizar uma ideia à medida que ela se desenvolve com o tempo.


Aliás, vale destacar que o design com o tempo é diferente do design com o espaço, portanto o design thinker precisa se sentir à vontade para transitar entre os dois espaços.


O design com o espaço é como uma fotografia, uma imagem estática. Algo que abordamos nos cursos da formação Seis Sigma, ao falar sobre as estatísticas descritivas, como o histograma, e sobre como saber se uma mudança é melhoria - as melhorias devem ser perenes, mantidas no tempo, portanto uma só fotografia não é capaz de indicá-la.


O design com o tempo, por sua vez, é melhor representado em gifs, vídeos, ou storyboards. Isso porque ele deve ser capaz de mostrar a evolução tanto das ações quanto das emoções. O exemplo abaixo é um storyboard de um filme da Disney Pixar e mostra um claro exemplo de design com tempo: podemos ver que os personagens se locomoveram, e suas expressões mostram mudanças nas emoções.


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Como fazer o storytelling por meio do design estruturado no tempo?


Uma estratégia útil é envolver seus ouvintes, sejam eles uma plateia, ou usuários de seu produto, processo ou serviço. A ideia básica é que a jornada do público ao longo do processo de storytelling deve ser uma experiência inigualável. Para isto, utilize os princípios abordados no post anterior, sobre como criar relacionamentos de sucesso.


É muito mais eficaz envolver as pessoas como participantes ativas da história, ou seja, como se fosse deles que estamos tratando.


No início, os designers de interação tendiam a ser prescritivos demais. Mas atualmente estão abrindo mão do controle e permitindo que o usuário tenha voz na narrativa, muitas vezes ainda durante o processo de desenvolvimento.


Acrescentam, assim, um componente interativo, enquanto incorporam técnicas de narrativa baseada no tempo. Isso se inclui fortemente no processo já visto de criação de MVPs, abordado no post anterior.



Quais as vantagens de um storytelling baseado no tempo?


O design com o tempo significa pensar as pessoas como organismos que vivem, crescem e pensam. Que podem ajudar a escrever as próprias histórias.


dt1Assim, uma experiência que se desenrola com o tempo, envolve os participantes e permite que eles contem a própria história.


Essa experiência, criada e contada em conjunto com o usuário, terá então superado dois dos maiores obstáculos no caminho de uma nova ideia. Conquistar aceitação na organização e divulgar a ideia para o mundo.


Aliás, uma ideia pode ser um produto, um serviço, ou uma estratégia. Lembre-se de algo muito importante, que resume a essência do porquê de o storytelling estar incluído no conjunto das principais ferramentas do Design Thinking:




Muitas boas ideias são abandonadas por não conquistarem aceitação dentro da organização e não por sofrerem rejeição do mercado.



Como afirma o professor Clayton Christensen, da Universidade de Harvard, se uma ideia for verdadeiramente inovadora, ela contestará o status quo, ameaçando superar os sucessos anteriores. Isso pode tornar conservadores os profissionais que anteriormente foram inovadores; pode retirar recursos de outros programas até mesmo trazer dificuldades aos gestores ao lhes impor a decisão de fazer escolhas novas, com riscos desconhecidos.


Além disso, outra dificuldade de ideia nova é que ela pode fazer com que os gestores optem por aceitar o risco de não escolher nenhuma das novas alternativas. Em contrapartida você, como Design Thinker, tem a missão de conscientizar a organização para o fato de que não inovar traz sempre consigo o risco de a organização ter seu mercado tomado por um concorrente.



Como estruturar o storytelling?


Resultado de imagem para hora da aventuraNo coração de qualquer boa história está uma narrativa central sobre como uma ideia satisfaz, com eficiência, a alguma necessidade. Essa necessidade pode ser tanto algo bem simples, como organizar uma confraternização do trabalho, quanto algo desafiador, como convencer seu chefe sobre o quão importante é realizar um determinado projeto.


À medida que se desenvolve, a história deve dar a cada personagem um senso de propósito. Assim, deve se desdobrar de modo que envolva todos os participantes na ação.


A história deve ser convincente, mas não sobrecarregada em detalhes. É preciso, portanto, fornecer elementos que provem que aquilo que o storyteller conta é factível com a realidade na qual ele está inserido.


 A história deve incluir detalhes suficientes apenas para ser plausível. O objetivo é fazer com que o público não tenha dúvida alguma de que a organização - ou a pessoa que "narra" a história - é capaz de fazê-la se concretizar.


Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.