Alexandre Tadeu Costa é o tipo de empresário que constrói uma marca com base em trabalho direto, leitura de mercado e resposta rápida a imprevistos. Fundador da Cacau Show, ele começou jovem, vendendo ovos de Páscoa com a ajuda da mãe. Em pouco tempo, transformou uma produção artesanal em uma rede que hoje ultrapassa 3 mil pontos de venda.
Neste conteúdo, vamos entender como Alexandre saiu do improviso e chegou à liderança de uma das maiores redes de franquias do Brasil. Você vai ver que, além da história de superação, há decisões estratégicas, padronização de processos e um modelo de gestão que conversa diretamente com práticas como melhoria contínua, cultura organizacional forte e inovação controlada.
A trajetória da Cacau Show ajuda a enxergar, na prática, como uma operação bem conduzida pode crescer sem perder identidade.
Quem é Alexandre Tadeu Costa?
Alexandre Tadeu Costa nasceu em São Paulo, em 1970. Cresceu em uma família de classe média, e ainda na adolescência passou a trabalhar com a mãe, que vendia chocolates artesanais em datas comemorativas. A rotina era simples, mas o movimento intenso nas semanas que antecediam a Páscoa chamou sua atenção.
Aos 17 anos, decidiu montar um pequeno negócio. Sem acesso a linhas de crédito ou consultorias, ele fez o que muitos brasileiros fazem quando precisam dar um passo à frente: apostou no que tinha em mãos. Comprou 2 mil ovos de Páscoa para revenda. A encomenda não foi entregue, mas o que poderia ser um prejuízo irreversível virou motivação. Produziu os ovos com a ajuda da mãe e fez as vendas por conta própria. A entrega no prazo foi um marco pessoal.
Esse episódio revelou uma característica que se repetiria ao longo da carreira: a resposta rápida a imprevistos e a capacidade de transformar problemas em oportunidades.
O início com chocolates artesanais
Nos anos seguintes, Alê Costa estruturou um ateliê informal. A produção ainda era pequena, feita com formas simples e receitas caseiras. As vendas aconteciam porta a porta e dependiam da fidelização dos primeiros clientes. A proposta era entregar algo de qualidade por um preço competitivo — ideia que contrariava o senso comum de que chocolate premium precisava ser inacessível.
Aos poucos, Alexandre consolidou sua atuação no segmento de chocolates artesanais, marcando a entrada da futura Cacau Show no mercado brasileiro. A formalização do negócio aconteceu em 1988, quando ele ainda não havia completado 20 anos. O nome foi pensado para sugerir variedade, mas também para remeter a um produto com apelo emocional.
Ele iniciava uma narrativa: a de um jovem empreendedor disposto a competir com grandes fabricantes em um setor até então dominado por multinacionais.
A criação da Cacau Show
Da venda de ovos de Páscoa à fundação da marca
Foi em 1988 que Alexandre Costa decidiu formalizar o que até então era uma atividade artesanal: a produção e venda de chocolates. O episódio que marcou esse início foi a entrega, por conta própria, de dois mil ovos de Páscoa após um fornecedor recuar. Aquela experiência indicou dois pontos importantes:
- havia demanda concreta por chocolates personalizados;
- existia espaço para um produto com identidade visual e narrativa próprias.
A marca Cacau Show surgiu nesse cenário. A escolha do nome seguiu uma lógica simples: queria transmitir variedade, atratividade e fácil associação ao produto. A ideia não era apenas vender chocolate — mas criar uma marca que fosse lembrada.
Com estrutura modesta, Alexandre começou:
- trabalhando em uma sala cedida pelos pais, no bairro da Casa Verde (SP);
- visitando padarias e mercados para oferecer os produtos pessoalmente;
- fazendo as entregas com um Fusca 78, que ele mesmo dirigia.
A operação era enxuta, mas funcional. Ainda sem loja física, o modelo se baseava em:
- vendas diretas, mantendo contato próximo com os primeiros clientes;
- foco em volume com atendimento personalizado, estratégia que ajudou a consolidar a base da empresa nos primeiros anos.
Esse primeiro ciclo foi essencial para validar o produto, entender o comportamento do consumidor e preparar o caminho para o crescimento formal.
Modelo de negócio e crescimento acelerado
Nos anos seguintes, a Cacau Show consolidou sua presença com um modelo baseado em custo acessível, identidade visual forte e variedade de produtos. O posicionamento da marca foi estratégico: chocolate de qualidade com preço intermediário, atendendo um público amplo, que não consumia marcas importadas, mas buscava uma alternativa mais elaborada que as opções populares.
O crescimento não aconteceu apenas por aumento da produção. A empresa passou a investir em processos próprios, verticalizando parte da operação. Controlar a produção significava manter padrão de qualidade e aumentar a margem. A estratégia era oferecer variedade, manter o apelo emocional e garantir uma experiência de consumo alinhada com o valor percebido.
A virada de chave: expansão via franquias
A virada veio em 2001, com a abertura da primeira loja franqueada em Piracicaba, no interior de São Paulo. A decisão de adotar o modelo de franquias foi motivada por dois fatores: o interesse crescente de empreendedores locais e as limitações operacionais de uma expansão 100% própria. O novo formato permitiu à marca alcançar cidades pequenas e médias com mais agilidade e menor investimento direto.
Atualmente, a rede oferece diferentes modelos de franquia, com valores que se ajustam a perfis variados de investimento. Entre os formatos disponíveis:
- Loja Intensidade: a partir de R$ 310 mil
- Loja Smart: a partir de R$ 193,5 mil
- Quiosque Premium: a partir de R$ 161 mil
- Quiosque Express: a partir de R$ 114 mil
- Loja Contêiner: a partir de R$ 64,9 mil
Cada modelo inclui taxas de franquia, estrutura física e estoque inicial. O objetivo é facilitar o acesso ao negócio, mantendo padrão e suporte aos franqueados.
Em poucos anos, a Cacau Show tornou-se uma das maiores redes de franquia do país. A empresa estruturou suporte técnico e operacional, desenvolveu um portfólio sazonal eficiente — com destaque para Páscoa e Natal — e criou uma rede de lojas que equilibra conveniência e identidade visual de boutique.
O modelo de franquias foi o ponto de inflexão que posicionou a Cacau Show como referência no varejo brasileiro e consolidou Alexandre Costa como um dos principais nomes do empreendedorismo nacional.
Gestão e filosofia de liderança de Alexandre Costa
Como ele conduz a cultura organizacional
Alexandre Costa construiu a Cacau Show com base em uma gestão que combina disciplina operacional e relacionamento direto com a rede. Diferente de perfis que delegam rapidamente, ele manteve por muito tempo uma atuação próxima dos processos e, principalmente, das pessoas.
A cultura da empresa é marcada pela valorização de quem está na ponta. Desde o franqueado até o atendente, todos são incluídos na estratégia de crescimento. Mais do que cobrar metas, ele incentiva o senso de dono entre os colaboradores, algo que, segundo ele, sustenta a expansão contínua sem perder qualidade.
A marca se apresenta como acessível, mas com apelo emocional. Internamente, essa dualidade também existe: processos bem definidos convivem com liberdade criativa nas lojas. O resultado é uma operação padronizada, mas com margem para personalização local — um diferencial competitivo no varejo.
Inovação sem perder a identidade
Na Cacau Show, inovação é constante, mas controlada. Alexandre Costa entende que renovar portfólio ou abrir novos formatos de loja não pode significar descaracterizar a essência da marca. Cada lançamento é avaliado com base em:
- dados de mercado e comportamento do consumidor;
- sazonalidade e calendário promocional;
- alinhamento com o posicionamento da empresa e experiência da marca.
O portfólio atual é robusto e segmentado. A marca opera com linhas consolidadas, como:
- LaNut, com chocolates recheados de castanhas;
- Dreams, voltada para ovos e bombons recheados premium;
- Bendito Cacao, com teor de cacau mais alto;
- MonteBello, linha mais acessível e tradicional;
- Zero Açúcar, que atende públicos com restrições alimentares.
Na Páscoa, a operação atinge seu ponto alto. A marca aposta em:
- ovos temáticos com recheios exclusivos;
- presentes colecionáveis e embalagens diferenciadas;
- ações promocionais que reforçam o vínculo emocional com o consumidor.
Esse período responde por uma fatia expressiva do faturamento anual e exige planejamento detalhado em produção, logística e distribuição.
Nos últimos anos, a empresa também diversificou canais, com:
- cafeterias próprias integradas às lojas;
- itens de presente para diferentes faixas de preço;
- lojas-conceito, como a Mega Store em Itapevi (SP), que une experiência sensorial e entretenimento.
O desafio tem sido equilibrar escala com identidade. E esse equilíbrio passa diretamente pela liderança de Costa: ele acompanha pessoalmente decisões-chave e evita movimentos que coloquem em risco o posicionamento construído ao longo de décadas.
O que a trajetória da Cacau Show ensina sobre gestão e melhoria contínua
O crescimento da Cacau Show não foi fruto de um acerto isolado. Por trás da expansão da marca está uma operação estruturada em gestão eficiente, padronização de processos e melhoria contínua — pilares também discutidos em treinamentos de qualidade e liderança corporativa.
A rede começou com produção artesanal e logística improvisada. Para sair desse modelo e chegar a mais de 3 mil pontos de venda, foi necessário evoluir a forma de gerir. A transição da produção manual para uma estrutura escalável exigiu:
- padronização de processos operacionais, garantindo que a experiência em uma loja do interior fosse compatível com a de um grande centro;
- definição clara de indicadores, como margem por produto, performance por loja e retorno sobre o investimento do franqueado;
- aplicação de ciclos de melhoria contínua, ajustando o modelo de negócio conforme o comportamento do consumidor, sazonalidades e variações de mercado.
A estrutura de franquias só é viável com controle rigoroso sobre processos. Isso envolve procedimentos documentados, fluxos bem definidos e treinamento contínuo, especialmente para novos franqueados. É uma lógica próxima ao que se ensina em Lean Seis Sigma: eliminar desperdícios, reduzir variabilidade e gerar valor para o cliente final.
A gestão da Cacau Show mostra, na prática, o impacto de aplicar conceitos como PDCA, padronização e foco em melhoria incremental em um negócio de varejo. O sistema de governança, o cuidado com a entrega e o suporte ao franqueado refletem uma maturidade operacional construída ao longo de décadas.
Alexandre Costa não nomeia essas práticas como "Lean" ou "Seis Sigma", mas o que sua empresa executa dialoga diretamente com essas abordagens: estrutura, consistência e adaptação com base em dados.
A trajetória de Alexandre Tadeu Costa mostra que inovação, crescimento e padronização podem — e devem — andar juntos. A Cacau Show não se tornou uma das maiores redes de franquia do Brasil por acaso. Houve estratégia, leitura precisa de mercado e, principalmente, uma gestão baseada em processos bem definidos e melhoria constante.
Esse tipo de evolução não depende de intuição. Depende de método.
Se você quer desenvolver essa visão estratégica e aplicar boas práticas de gestão na sua carreira ou no seu negócio, vale dar o próximo passo com conhecimento técnico.
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