análise causa raiz
Ferramentas da Qualidade

13 de abril de 2021

Última atualização: 27 de agosto de 2024

Análise de Causa Raiz (RCA): o que é, como fazer e ferramentas

A Análise de Causa Raiz, também conhecida como RCA, é uma metodologia que utiliza diversas abordagens, ferramentas e técnicas para identificar e eliminar não-conformidades de forma permanente, melhorando os processos. Essencialmente, essa técnica foca na prevenção e na resolução sistemática de problemas, garantindo maior eficiência e eficácia.

Entre as ferramentas mais comuns utilizadas na análise de causa raiz estão o Diagrama de Ishikawa, o Diagrama de Pareto e o método dos 5 Porquês.

Neste artigo, você aprenderá mais sobre o que é a análise de causa raiz e como aplicar essas principais ferramentas.

O que é a Análise de Causa Raiz?

A Análise de Causa Raiz (RCA) é um conjunto de métodos de solução de problemas usado para identificar a causa real de uma não conformidade ou problema de qualidade. Esse processo envolve definir, entender e solucionar o problema em sua origem, garantindo que ele não se repita. A causa raiz é o fator principal que, ao ser eliminado ou corrigido, impede que o problema indesejado ocorra novamente.

Embora a RCA seja um método reativo, aplicado após a ocorrência de um problema, ela desempenha um papel crucial na melhoria contínua dos processos. Originada do gerenciamento da qualidade total (TQM), a RCA tornou-se uma parte fundamental na gestão da qualidade e nos esforços de gestão de processos dentro das empresas.

Objetivos da Análise de Causa Raiz

A análise de causa raiz (RCA) tem três principais objetivos. Primeiro, ela busca identificar a causa raiz de um problema ou evento, indo além dos sintomas superficiais para entender as razões profundas que levaram ao problema.

Segundo, a RCA visa encontrar maneiras de consertar ou compensar o problema identificado, além de aprender com ele para evitar que se repita no futuro. Por fim, o terceiro objetivo é usar os aprendizados da análise para prevenir problemas futuros de forma sistemática ou para repetir sucessos.

 A eficácia da análise depende diretamente das ações que são tomadas com base nos resultados, já que tratar apenas os sintomas não resolve o problema real e pode levar à sua repetição.

Abordagem para Análise de Causa Raiz

Na prática, o processo de Análise de Causa Raiz passa pelas seguintes etapas:

  • Definição do Problema: primeiramente, identifica-se e define-se o problema;
  • Levantamento das possíveis causas: em segundo lugar realiza-se o levantamento das possíveis causas para o problema em questão;
  • Classificação das possíveis causas em causas reais: nesta etapa, deve-se classificar quais das causas elencadas anteriormente são potencialmente reais para o problema;
  • Identificação das possíveis soluções: em seguida, inicia-se o levantamento das possíveis soluções para o problema;
  • Escolha e implementação da solução: dentre as soluções elencadas no item anterior, escolhe-se uma, geralmente a mais adequada para implementação;
  • Análise de resultados: por fim, analisa-se os resultados a fim de definir se a solução implementada resolveu de fato o problema.

Princípios da Análise de Causa Raiz

A Análise de Causa Raiz (RCA) é guiada por vários princípios fundamentais que garantem uma investigação eficaz e acionável. Esses princípios ajudam a melhorar a qualidade da análise e a fortalecer a confiança e o apoio dos stakeholders.

  • Corrigir as Causas Raiz, Não Apenas os Sintomas: O foco deve estar em identificar e remediar as causas subjacentes do problema, ao invés de tratar apenas os sintomas visíveis. Isso garante soluções duradouras e evita a repetição dos problemas.
  • Tratar os Sintomas para Alívio a Curto Prazo: Embora o objetivo principal seja solucionar a causa raiz, é importante não ignorar o tratamento dos sintomas para proporcionar alívio imediato, enquanto as soluções permanentes são implementadas.
  • Reconhecer a Existência de Múltiplas Causas Raiz: Muitas vezes, um problema pode ter várias causas raiz. É crucial identificar todas as causas potenciais para garantir que todas sejam abordadas.
  • Concentrar-se em Como e Por Que Algo Aconteceu, Não em Quem Foi o Responsável: A RCA deve focar nos processos e fatores que levaram ao problema, em vez de buscar culpados. Isso promove uma cultura de aprendizado e melhoria contínua.
  • Basear-se em Evidências Concretas: A análise deve ser metódica e fundamentada em evidências claras de causa e efeito. Isso ajuda a respaldar as conclusões e a garantir a eficácia das ações corretivas propostas.
  • Fornecer Informações Suficientes para Ações Corretivas: A análise deve fornecer detalhes claros e suficientes que orientem um curso de ação para corrigir a causa raiz, garantindo que as medidas tomadas sejam precisas e eficazes.
  • Considerar a Prevenção ou Replicação no Futuro: Além de resolver o problema atual, a RCA deve incluir considerações sobre como evitar a recorrência da causa raiz no futuro ou, no caso de sucessos, como replicar os fatores positivos.

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Benefícios da análise causa raiz

  • Identificação das Causas Reais: A análise de causa raiz vai além de tratar apenas os sintomas visíveis de um problema. Ela se concentra em descobrir as causas subjacentes, permitindo que a organização entenda verdadeiramente o que levou à ocorrência do problema. Isso resulta em soluções que atacam o cerne do problema, garantindo que ele seja resolvido de forma mais duradoura e eficaz.
  • Prevenção de Problemas Futuros: Um dos principais benefícios da RCA é a sua capacidade de prevenir problemas semelhantes no futuro. Ao identificar e corrigir as causas raízes, a organização pode implementar medidas corretivas que evitam a recorrência do mesmo problema. Isso promove uma abordagem proativa, focada na prevenção sistemática de falhas futuras.
  • Melhoria Contínua: A RCA também contribui significativamente para a melhoria contínua dos processos e sistemas dentro de uma organização. Ao identificar falhas e suas causas, a organização tem a oportunidade de fazer ajustes que não apenas resolvem o problema atual, mas também melhoram a eficiência e a eficácia operacional em longo prazo.
  • Aumento da Eficácia das Soluções: Ao entender completamente o problema e suas causas, as medidas corretivas desenvolvidas a partir da RCA são mais precisas e eficazes. Isso reduz a necessidade de enfrentar os mesmos problemas repetidamente, economizando tempo e recursos, e aumentando a eficácia das soluções implementadas.
  • Promoção de uma Cultura de Aprendizado: A RCA facilita o aprendizado a partir de problemas anteriores, ajudando a organização a aplicar esses conhecimentos em situações futuras. Isso não só impulsiona melhorias contínuas, mas também promove uma cultura organizacional que valoriza o aprendizado e o aperfeiçoamento constante, repetindo sucessos e minimizando falhas.

Exemplo: análise de causa raiz

A fim de entender melhor esse processo de análise vamos pensar na seguinte situação: você acorda para ir trabalhar e ao acionar a partida o carro não liga. Dessa forma, utilizando a abordagem acima, teríamos:

  1. Definição do problema: o carro não funciona;
  2. Levantamento das Possíveis Causa: bateria descarregada, falta de combustível, motor de partida;
  3. Classificação das possíveis causa em causas reais: a bateria não está descarregada, pois as luzes do painel e farol se acendem. Da mesma forma, o tanque de combustível está cheio, logo o problema é o motor de partida;
  4. Identificação das possíveis soluções para o problema: consertar o problema do motor de partida ou trocá-lo;
  5. Escolha e implementação da solução: como o concerto sairá mais da metade do valor de um motor de partida novo, opta-se por trocar a peça;
  6. Análise de resultados: o carro voltou a funcionar, logo a solução proposta resolveu o problema.

Legal, não é mesmo? Agora imagine se existissem ferramentas que fizessem todo esse processo de uma forma mais clara, simples e interativa do que realizar essa lista que fizemos acima. Pois bem, vamos te apresentar agora as 3 principais ferramentas de análise de causa raiz para você aplicá-las no seu dia a dia. Vamos conferir?

1 – Diagrama de Ishikawa

Também conhecido como diagrama de causa e efeito, diagramas espinha de peixe, fishbone diagram, diagrama de fishikawa ou diagrama de enumeração de causa, o Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta da qualidade que identifica muitas causas possíveis para um efeito ou problema. Ele ajuda os gerentes a rastrear as razões de imperfeições, variações, defeitos ou falhas. Por outro lado, utiliza-se esse diagrama também para estruturar uma sessão de brainstorming.

O diagrama se parece com o esqueleto de um peixe onde o problema principal se localiza em sua cabeça. Por exemplo, no caso de um carro onde frequentemente precisamos abastecê-lo, o problema principal é o alto consumo de combustível e é este problema que se coloca no lugar da cabeça do peixe.

As causas do problema, no entanto, se concentram nas ramificações das espinhas e dividem-se entre macro causas e micro causas. As macro causas, também chamadas de causas maiores, são as que podem ainda dividirem-se em pequenas outras. Seguindo o exemplo do alto consumo de combustível, uma das macro causas pode estar relacionada com o material, desdobrando o tipo de combustível como uma micro causa.

A fim de definir as macro causas, há uma técnica que é chamada 6M:

  • Máquina;
  • Material;
  • Mão-de-obra;
  • Medição;
  • Meio-ambiente;
  • Método.

Uma vez definidas as macro causa, elas se subdividem em causas menores. Depois que identificar todas as causas subjacentes, os gerentes podem começar a procurar soluções para garantir que o problema não se torne recorrente.

2- Diagrama de Pareto

O Gráfico de Pareto, também chamado de “diagrama de Pareto”, é uma das 7 ferramentas básicas da qualidade que visa focalizar os esforços de melhoria. Nesta ferramenta, representam-se as frequências de cada causa de forma semelhante a um histograma, porém em ordem decrescente por barras e o total acumulado é representado por uma linha.

Por exemplo, um Gráfico de Pareto pode ser visualizado em uma equipe trabalhando no desempenho de entrega de seus fornecedores. Assim, ao descobrir que os próprios fornecedores necessitavam fazer mudanças em seus sistemas para melhorar a entrega dentro do prazo, perceberam que seria necessário treinar cada um deles. No entanto, como contavam com 4.000 fornecedores, isso parecia uma tarefa impossível.

Para realizar a tarefa considerada a princípio impossível, a equipe focalizou seus esforços de melhoria nas poucas causas significativas. Ao invés de pensar a respeito de 4.000 fornecedores, cada agente de compras trabalhou com poucos fornecedores, porém os mais significativos a cada mês, assim o desempenho de entrega no horário se estabeleceu como parte desse esforço focalizado.

Essa análise de Pareto baseia-se em um ponto de vista de “cliente”, ou seja: quantas vezes o cliente sofreu inconveniências devido a uma entrega atrasada? (Observe que, do ponto de vista de um fornecedor, a porcentagem de entregas no horário seria uma medida mais apropriada).

3 – Os 5 Porquês

Os cinco porquês é um método de explorar relações de causa e efeito. Assim, utiliza-se essa técnica como parte de uma análise de causa raiz para descobrir formas de evitar incidentes futuros. Logo, quando aplicado a quase-acidentes recentes, ele pode ajudar a impedir que eventos futuros se transformem em desastres completos.

A técnica dos cinco porquês, portanto, ajuda pesquisadores e analistas a determinar a causa raiz de um problema perguntando repetidamente: “Por quê?” Os pesquisadores são alertados a usar a dedução para se concentrar nos processos e não no comportamento, para evitar conclusões precipitadas e para se concentrar nas causas, não sintomas.

Um exemplo da técnica dos 5 porquês em ação:

1- Por que a máquina parou? (Houve uma sobrecarga e o fusível explodiu);

2- Por que houve uma sobrecarga? (O rolamento não foi suficientemente lubrificado);

3- Por que não foi lubrificado o suficiente? (A bomba de lubrificação não estava bombeando o suficiente);

4- Por que não bombeou o suficiente? (O eixo da bomba estava gasto e chocalhando);

5- Por que o cano estava desgastado? (Não havia nenhum filtro ligado e sucata de metal entrou).

Quais são as vantagens da Análise de Causa Raiz?

Agora que você já sabe o que é e como fazer a Análise de Causa Raiz, você deve estar se perguntando, por que fazer? Há alguma vantagem?

Sim, ela é uma ferramenta essencial para diversas áreas como qualidade, saúde e segurança, engenharia, TI, entre outras. Quer entender por que essas áreas usam a Análise de Causa Raiz? Veja as vantagens:

  • Prevenção de recorrências: Ao eliminar a causa raiz de um problema, você pode evitar que ele se repita no futuro. Isso contribui para a melhoria contínua e a redução de falhas, retrabalho e custos adicionais.
  • Eficiência operacional: Ao resolver as causas raiz dos problemas, é possível melhorar a eficiência dos processos e operações. Isso pode levar a uma maior produtividade, menor desperdício de recursos e melhoria dos resultados globais.
  • Tomada de decisões embasada: A análise de causa raiz fornece informações valiosas para embasar decisões estratégicas. Compreender as causas raiz dos problemas permite tomar medidas corretivas mais direcionadas e implementar melhorias de longo prazo.
  • Melhoria da qualidade: Ao eliminar as causas raiz dos problemas, é possível melhorar a qualidade dos produtos ou serviços oferecidos. Isso pode levar a um aumento da satisfação do cliente, maior confiança na marca e ganho de vantagem competitiva.
  • Aprendizado organizacional: A análise de causa raiz promove um ambiente de aprendizado contínuo dentro da organização. Ao investigar as causas raiz dos problemas, as equipes podem adquirir conhecimentos valiosos, compartilhar lições aprendidas e aplicar esse conhecimento para evitar problemas semelhantes no futuro.

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