Como são as aplicações Lean Seis Sigma na empresa?
Seis Sigma

13 de fevereiro de 2017

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Como são as aplicações Lean Seis Sigma na empresa?

Quais são as aplicações Lean Seis Sigma?


Muita gente me pergunta, se as aplicações Lean Seis Sigma cabem no seu negócio. Como sabem que trabalho capacitando e implementando projetos Lean Seis Sigma, muitos me questionam se a metodologia se aplica somente à grandes indústrias.  Parece que os grandes cases da Motorola (onde tudo começou) e a GE (imortalizada pelo esforço do Jack Welch), ainda dominam o imaginário coletivo e afastam essa ferramenta da maioria das empresas do Brasil.


Mas posso afirmar que a beleza do Lean Seis Sigma é sua versatilidade. Não é algo exclusivo apenas para indústrias de grande porte. Em nossa Jornada de Melhoria, pudemos ter a certeza de que as aplicações Seis Sigma são feitas por pessoas. E, pessoas são pessoas, independente da área em que trabalhem. Com as pessoas certas, qualquer área ou empresa terá êxito. Sem elas, o resultado é impossível.



Como aplicamos o Lean Seis Sigma?


Até agora, já passamos por um grande farmacêutica veterinária (Ourofino), por uma indústria de alimentos (Cory, criadora da bolacha mais famosa de nossa infância Hipopó), por um grande hospital (Sírio Libânes), indústria de cosméticos (Galderma), uma companhia de saneamento básico (CSJ / Jundiaí), um fabricante de relógios (Technos) e a maior empresa de pesquisas de mercado do mundo (Nielsen).


E, diante dessa pequena amostra, podemos afirmar: todos aproveitaram a certificação White Belt e desenvolveram, em apenas 8 horas, uma lista de mudanças para implementarem. Além disso, o maior ganho para nós, foi a mudança de “mindset” das equipes, porque conseguimos mostrar, por meio de uma dinâmica, que os conceitos também se aplicam ao negócio deles.


Essa é a melhor forma de mostrarmos que as aplicações Seis Sigma são bem maiores do que podemos imaginar. Portanto, confiem na metodologia e caminhem um passo de cada vez, evitando ao máximo pular as etapas. Eu sei, se você está puxando o Seis Sigma na empresa em que trabalha, a quantidade de desafios que vai enfrentar. Serão vários engrossando o coro de que o Seis Sigma não funciona no tipo de empresa em que trabalha, ou, pessoas a te pressionar pelas ações para chegar às metas. Não caia nessa.


Confesso a você que me lê, que já cai nessa algumas vezes. Por isso que reforço. Não caia na pressão de pular etapas, pois a chance de haver problemas é enorme e a metodologia está lá para protege-lo. E, buscar o alívio momentâneo, não aumentará suas chances de ter êxito no projeto, pelo contrário.



E quais são os riscos de aplicar o Lean Seis Sigma?


Nas vezes que cometi a bobagem de pular etapas, estava buscando um alívio momentâneo e livrar-me da fama de chato. A primeira, foi em um projeto numa pequena empresa, cuja maturidade da direção era baixa e poucos membros do grupo compreendiam a importância do Lean Seis Sigma. A iniciativa, havia partido de um cliente que exigiu que a empresa implantasse um projeto Lean Seis Sigma para melhorar a qualidade dos itens entregues, sob pena de cancelamento do contrato. Mas a exigência era por um projeto, não por resultados reais e perenes.


E, por não conhecer a metodologia, a direção não estava empenhada. Pela falta de empenho, começaram a pedir que eu mostrasse evidências ao cliente insatisfeito que estávamos implementando o projeto, pulando etapas importantes. Como não me restavam saídas, acabei cometendo o erro de trocarmos a capacitação pela leitura de um livro e a realização de sessões da “cumbuca”. Nesse método, era dos colaboradores a responsabilidade de aprender a metodologia para aplica-la em projetos complexos, apenas para mostrar ao cliente.



Quais são as dicas para implantar o Lean Seis Sigma?


Depois de três meses nesse modelo, resolvi encerrar o projeto. Por que? Porque pular a capacitação Green Belt de parte da equipe foi um tiro no pé. Sem o conhecimento necessário, as reuniões com a equipe era um beco sem saída, na qual discutíamos sobre hipóteses e não sobre fatos e dados. Junto com isso, os integrantes não liam o livro e nossas sessões de cumbuca morreram na terceira reunião por falta de quórum.


Portanto, concluo: se você quer saber se a empresa em que trabalha pode implantar o Lean Seis Sigma, não foque na característica da empresa, mas sim no tipo de sua liderança. Se a liderança não estiver convencida da importância e não garantir que os envolvidos terão tempo, método e objetivo, não vai funcionar. Sem isso, não importa ser indústria, grande, pequena, serviços, fundação, enfim, qualquer coisa. O importante é que a empresa faça como nossos clientes da jornada da melhoria e garantam aos seus colaboradores o tempo, o método (é aqui que entramos) e o objetivo. Sem isso, as aplicações Seis Sigma darão em nada.

Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.