Você já se perguntou por que enxergamos o mundo de determinada forma? Por que algumas ideias são aceitas com naturalidade enquanto outras enfrentam resistência? Grande parte dessas respostas está relacionada aos paradigmas.
Os paradigmas moldam a forma como percebemos, analisamos e reagimos às situações do cotidiano. Eles estão presentes em diversos contextos – na ciência, na sociedade, nas organizações e até na vida pessoal. São essas estruturas mentais que nos ajudam a organizar o pensamento, dar sentido às experiências e tomar decisões.
Muitas vezes, atuamos dentro de um paradigma sem sequer perceber sua influência. Ele está embutido em nossos costumes, na forma como aprendemos, nos processos das empresas e até nas escolhas que consideramos “normais”. O desafio surge quando o contexto muda – e aquele modelo de pensamento já não oferece mais as respostas que costumava fornecer.
Nesse momento, a mudança de paradigma se torna inevitável.
Neste artigo, vamos tratar com profundidade:
- O que são paradigmas e como surgem;
- Por que eles são importantes;
- Quais são os principais tipos;
- Exemplos práticos que mostram como afetam nossa vida;
- Como ocorre uma mudança de paradigma e o que ela representa.
Além disso, vamos resgatar o conceito proposto por Thomas Kuhn, referência essencial para entender o impacto dos paradigmas na ciência e na sociedade.
Se você busca compreender melhor os modelos mentais que direcionam decisões, comportamentos e estratégias, este conteúdo vai ajudá-lo a refletir com mais clareza e objetividade.
O que é um paradigma?
Paradigma é um modelo mental que define a forma como interpretamos e interagimos com a realidade. Ele representa um conjunto de crenças, valores, normas e práticas que moldam o pensamento de indivíduos, grupos ou sociedades. Funciona como um filtro cognitivo que nos ajuda a tomar decisões, identificar padrões e atribuir significado aos acontecimentos.
Esses modelos não surgem do acaso. São construídos ao longo do tempo por meio da experiência, da cultura, da educação e das influências sociais. Em muitos casos, o paradigma atua de forma silenciosa, orientando escolhas, opiniões e até a maneira como reagimos a mudanças — mesmo sem termos consciência disso.
O termo “paradigma” ganhou notoriedade a partir dos estudos do físico e filósofo da ciência Thomas Kuhn, autor da obra "A Estrutura das Revoluções Científicas". Segundo Kuhn, um paradigma representa mais do que uma teoria ou um método científico: ele define o que deve ser estudado, que perguntas são consideradas relevantes, quais ferramentas são aceitas e como os resultados devem ser interpretados.
Ou seja, dentro de uma comunidade científica, o paradigma vigente estabelece os limites do pensamento possível, determinando o que é considerado válido ou inválido como conhecimento. A ciência normal — como Kuhn define o trabalho científico rotineiro — opera dentro desse conjunto de pressupostos.
Quando o paradigma entra em crise e não consegue mais responder às novas questões, abre-se caminho para uma mudança mais profunda, conhecida como revolução científica.
Em outras palavras, o paradigma funciona como uma lente interpretativa. Ele direciona o foco de uma sociedade ou grupo para determinados aspectos da realidade, enquanto outros são ignorados ou considerados irrelevantes.
Por isso, compreender o que é um paradigma é também entender como as ideias se consolidam, se mantêm e, eventualmente, são superadas ao longo do tempo.
Refletir sobre paradigmas é também olhar para dentro. Se você quer entender como seus próprios modelos mentais influenciam suas escolhas e comportamentos no ambiente profissional, conheça o curso gratuito Desenvolvimento Profissional: Autoconhecimento da FM2S. Ele ajuda a identificar padrões internos e desenvolver uma visão mais clara sobre seu potencial.

Por que os paradigmas são importantes?
Paradigmas ajudam a estruturar a realidade. Sem eles, seria difícil lidar com a complexidade do mundo. Porém, quando um paradigma se torna obsoleto ou incapaz de explicar novos fenômenos, é necessário substituí-lo.
Kuhn chama esse processo de mudança de paradigma, que ocorre quando há um acúmulo de anomalias que não podem mais ser explicadas pelo modelo vigente. Isso abre espaço para um novo paradigma, com maior capacidade explicativa.
Tipos de paradigmas
Os paradigmas não se limitam à ciência. Eles se manifestam em diversas esferas da vida — desde como organizamos empresas até como entendemos o mundo ao nosso redor. Cada área do conhecimento ou contexto social pode ser influenciada por um conjunto específico de ideias que orientam as ações, decisões e interpretações das pessoas envolvidas.
Esses modelos variam conforme a cultura, o período histórico e o ambiente em que se aplicam. Entender os diferentes tipos de paradigmas permite analisar como padrões de pensamento se consolidam em contextos distintos e como eles podem ser questionados ou substituídos diante de novas realidades.
A seguir, veja os principais tipos de paradigmas e como eles se aplicam na prática:
Paradigmas científicos
Guiam a prática da ciência em determinada época. São compostos por teorias, métodos e pressupostos aceitos por uma comunidade científica.
Exemplo: A física newtoniana foi um paradigma dominante até ser desafiada pela teoria da relatividade.
Paradigmas sociais
Conjunto de ideias compartilhadas por uma sociedade sobre temas como moral, política, cultura e economia.
Exemplo: O paradigma do trabalho presencial foi dominante até ser amplamente questionado pela adoção do modelo remoto em escala global.
Paradigmas organizacionais
Referem-se às práticas e valores que orientam a gestão e a operação de uma empresa.
Exemplo: Organizações tradicionais operam sob um paradigma hierárquico, enquanto startups adotam estruturas mais horizontais e colaborativas.
Exemplos de paradigmas no dia a dia
- Educação: O ensino centrado no professor é um paradigma tradicional. Com o tempo, ganhou força o paradigma da aprendizagem ativa, focado no aluno.
- Tecnologia: O uso de papel como principal meio de registro foi substituído por soluções digitais. Isso representou uma ruptura de paradigma.
- Saúde: O modelo biomédico, focado na doença, deu espaço ao paradigma biopsicossocial, que considera aspectos físicos, psicológicos e sociais.
Esses exemplos mostram como paradigmas influenciam ações práticas e como a mudança de contexto pode acelerar rupturas e transformações.
Como ocorre uma mudança de paradigma?
Segundo Kuhn, o ciclo se dá em cinco etapas:
1. Pré-ciência: diferentes visões competem para explicar os fenômenos.
2. Ciência normal: um paradigma se estabelece e passa a orientar a pesquisa.
3. Crise: surgem anomalias que o paradigma não consegue explicar.
4. Revolução científica: um novo modelo mais adequado é proposto.
5. Nova ciência normal: o novo paradigma passa a ser adotado.
Esse processo não é linear. Ocorre por saltos, rupturas e reinterpretações.
Por que compreender paradigmas é relevante?
Entender paradigmas é útil para analisar comportamentos, tomar decisões estratégicas e identificar padrões de resistência à mudança. Isso vale tanto no campo científico quanto em ambientes corporativos.
Muitas vezes, a dificuldade em adotar novas soluções está enraizada em um paradigma vigente, que precisa ser revisto.