Já pensou como seria se fosse possível fazer previsões do futuro na hora de tomar uma decisão? Poder prever quaisquer resultados de decisões de economia, políticas públicas, planejamento estratégico, gestão de tecnologia, previsão ambiental, entre outros?
Na verdade é possível e é até classificado como um método científico, esse é o método Delphi. Continue lendo para entender mais sobre.
O que é Método Delphi?
O Método Delphi é uma técnica de previsão que busca alcançar um consenso entre especialistas em determinada área de conhecimento.
Este método é amplamente utilizado em campos como a economia, políticas públicas, planejamento estratégico, gestão de tecnologia, previsão ambiental, entre outros.
A principal característica do Método Delphi é seu processo iterativo, onde um grupo de especialistas responde a questionários em duas ou mais rodadas. Após cada rodada, um facilitador ou coordenador fornece um resumo anônimo das previsões dos especialistas e suas razões, permitindo que os participantes ajustem suas respostas nas rodadas subsequentes com base nas respostas dos outros participantes.
O objetivo é reduzir a gama de respostas e chegar a um consenso coletivo. O anonimato dos participantes ajuda a evitar o efeito de influências dominantes de alguns membros do grupo, promovendo assim uma coleta de dados mais imparcial e focada no conhecimento e na experiência dos especialistas.
Passo a passo de como funciona o Método Delphi
Essencialmente, este método é embasado na ideia de que um grupo de especialistas, ao interagir e revisar suas opiniões e previsões sob um manto de anonimato, pode chegar a conclusões mais precisas e abrangentes do que as alcançadas individualmente.
O Método Delphi foi desenvolvido na década de 1950 pela RAND Corporation e desde então tem sido aplicado em diversos campos do conhecimento, desde a previsão tecnológica até o planejamento estratégico e políticas públicas.
A execução do Método Delphi segue um processo estruturado e iterativo, iniciando-se com a seleção de um painel de especialistas.
Esses especialistas são escolhidos com base em seu conhecimento específico, experiência e capacidade de contribuir significativamente para o tema em questão. A diversidade de perspectivas é crucial para enriquecer o processo e garantir que diferentes pontos de vista sejam considerados.
Após a formação do painel, o processo Delphi se desenrola em várias rodadas de questionários. Na primeira rodada, um questionário aberto é enviado aos participantes, solicitando suas opiniões, previsões e justificativas sobre o tema em análise. Esses questionários são projetados para coletar uma ampla gama de informações, sem restringir as respostas dos especialistas.
As respostas são então compiladas e resumidas pelo coordenador do estudo, mantendo o anonimato dos contribuintes. Este resumo é crucial para o processo, pois destila o essencial das contribuições, destacando áreas de consenso e divergência. O coordenador pode, neste ponto, identificar questões emergentes, clarificar problemas e formular novas perguntas com base nas respostas recebidas.
Na rodada seguinte, os especialistas recebem o resumo das respostas, junto com um novo questionário que pode incluir questões adicionais, pedidos de clarificação ou solicitações para reavaliar suas opiniões anteriores à luz das respostas dos demais participantes. Este aspecto iterativo é fundamental para o Método Delphi, pois permite aos especialistas refinar suas respostas, considerar novas informações e, gradualmente, convergir para um consenso.
Este processo é repetido por várias rodadas até que se atinja um grau de consenso satisfatório. O número de rodadas varia conforme a complexidade do tema e a divergência inicial entre os especialistas. O objetivo não é chegar a um acordo unânime, mas sim reduzir a dispersão das opiniões e chegar a um entendimento comum que reflita uma visão coletiva informada.
Como o Método Delphi é aplicado na prática?
1. Definição do problema e objetivo
O primeiro passo é definir claramente o problema ou a questão que precisa ser explorada. O objetivo do exercício Delphi deve ser específico e compreensível para todos os participantes. Essa fase inicial é crucial para garantir que todos os envolvidos estejam alinhados em relação ao que se espera alcançar.
2. Seleção dos participantes
A seleção de um painel diversificado de especialistas é fundamental. Esses especialistas devem ter conhecimento profundo ou experiência relevante no tema em questão. O número de participantes pode variar, mas geralmente um painel inclui entre 10 a 50 especialistas, dependendo da complexidade do problema e da disponibilidade de especialistas.
3. Desenvolvimento dos questionários
O coordenador do Delphi desenvolve um questionário inicial, que pode ser aberto para coletar uma ampla gama de insights ou fechado para focar em questões específicas. O questionário é projetado para extrair informações detalhadas e perspectivas dos especialistas.
4. Primeira rodada de questionários
O questionário inicial é enviado aos especialistas, que respondem com base em seu conhecimento e experiência. As respostas são coletadas de forma anônima para evitar qualquer viés ou influência externa.
5. Análise e sumarização das respostas
Após receber as respostas, o coordenador analisa e sumariza os dados, destacando tendências, pontos de consenso e divergência entre os especialistas. Essa síntese é preparada de maneira que ressalte as principais informações sem identificar os contribuidores.
6. Rodadas subsequentes
O resumo é então enviado aos participantes junto com um novo questionário, que pode solicitar que eles reconsiderem suas respostas anteriores à luz das informações agregadas ou respondam a novas questões surgidas das respostas da rodada anterior. Este processo é iterativo e pode ser repetido várias vezes, com o objetivo de refinar as respostas e mover o grupo em direção a um consenso.
7. Alcançando o consenso
O processo continua até que se alcance um nível de consenso aceitável entre os especialistas. O critério para determinar o consenso pode variar, mas frequentemente envolve uma convergência das respostas ou uma diminuição na variação das respostas entre as rodadas.
8. Relatório final
Uma vez alcançado o consenso, os resultados são compilados em um relatório final. Este relatório inclui uma síntese das descobertas, incluindo as áreas de acordo e quaisquer recomendações ou conclusões derivadas do exercício.
Aplicações práticas
Na prática, o Método Delphi tem sido aplicado em uma variedade de contextos, incluindo, mas não limitado a, previsão tecnológica, desenvolvimento de políticas de saúde, planejamento educacional, gestão ambiental e pesquisa de mercado.
A flexibilidade do método permite sua adaptação a diferentes necessidades e contextos, tornando-o uma ferramenta valiosa para tomada de decisões informadas e planejamento estratégico em ambientes incertos ou em rápida mudança.
Quais as vantagens do Método Delphi?
- Anonimato dos participantes: Reduz a influência de personalidades dominantes, permitindo que as opiniões sejam expressas livremente.
- Redução de conflitos: O anonimato e a comunicação indireta minimizam confrontos diretos entre os participantes.
- Consenso de especialistas: Facilita a convergência de opiniões de especialistas para um consenso informado.
- Flexibilidade geográfica: Os participantes podem estar em locais diferentes, facilitando a inclusão de uma ampla gama de especialistas.
- Iteratividade: Permite refinamentos sucessivos das respostas, levando a conclusões mais precisas.
- Foco em conteúdo: A comunicação escrita enfatiza o conteúdo sobre a retórica ou presença física.
- Adaptação a diversos campos: Aplicável em várias áreas, como saúde, tecnologia, educação, e planejamento estratégico.
- Evita pressão de grupo: O design do método previne a conformidade e a influência da maioria.
- Eficiência na coleta de dados: Coleta e sintetiza eficientemente o conhecimento de vários especialistas.
- Capacidade de lidar com incertezas: Útil para explorar questões complexas ou incertas, onde dados quantitativos podem ser limitados.
Conclusão
O Método Delphi destaca-se por sua flexibilidade e adaptabilidade, podendo ser aplicado em uma variedade de contextos e disciplinas.
Sua abordagem anônima minimiza os efeitos da pressão de grupo e da influência de autoridades, promovendo uma avaliação mais imparcial e baseada no mérito das ideias.
Além disso, ao permitir que os participantes revisem e ajustem suas respostas, o método facilita uma reflexão mais profunda e uma análise mais detalhada das questões em pauta.