Fazer um pitch não é apenas resumir uma ideia em pouco tempo. Ele precisa ser claro, direto e organizado. Quando bem estruturado, o pitch prende a atenção e facilita a tomada de decisão de quem ouve.
A escolha da estrutura influencia o impacto da mensagem. Modelos diferentes funcionam melhor em contextos distintos, como vendas, apresentações institucionais ou captação de recursos. Por isso, adaptar o conteúdo ao público e ao tempo disponível é fundamental.
Neste conteúdo, você vai conhecer formas práticas de montar seu pitch com lógica e objetividade. A proposta é ajudar você a selecionar a abordagem certa para apresentar sua ideia com clareza e foco.
O que é um pitch e por que a estrutura importa
O pitch é uma apresentação rápida usada para transmitir uma ideia de forma objetiva. Ele pode ser usado para vender um produto, apresentar um projeto ou captar investimento — sempre com tempo limitado e mensagem direta.
Para funcionar, o pitch precisa de lógica. A estrutura é o que garante clareza, evita perda de foco e aumenta as chances de gerar interesse.
Sem um modelo bem definido, o risco é dispersar a atenção do público ou entregar uma fala confusa, mesmo com uma boa proposta. Por isso, mais do que improviso, o pitch exige organização e escolha estratégica de conteúdo.
7 modelos de pitch para usar na prática
Para que o pitch funcione, ele precisa ser lógico. O que diferencia uma apresentação memorável é a forma como as informações são conectadas. Abaixo estão sete métodos reconhecidos que ajudam a organizar o conteúdo com lógica e clareza.
Método S-C-A (Situação – Conflito – Ação)
Essa estrutura é útil quando o pitch começa a partir de um problema claro:
- Situação: descreva o cenário atual.
- Conflito: aponte o que está dando errado, o impacto do problema.
- Ação: apresente sua solução e como ela resolve esse impasse.
Exemplo: “Muitas pequenas empresas perdem oportunidades por falta de análise de dados. Sem métricas, não há base para decisões. Criamos uma plataforma que organiza dados operacionais em tempo real, com alertas automáticos e sugestões de melhoria.”
Técnica dos 3 atos (Narrativa direta)
Inspirada em narrativas curtas e objetivas:
- Ato 1 — Contexto: quem você é e o que faz.
- Ato 2 — Mudança: qual problema existe e como você resolve.
- Ato 3 — Resultado: qual o impacto esperado e o que você quer do ouvinte.
É uma abordagem comum em apresentações presenciais e eventos de networking.
Exemplo: “Sou consultora em processos e nos últimos 3 anos atendi mais de 40 empresas. Notei que 80% delas tinham retrabalho por falha de documentação. Hoje ofereço um método padronizado que reduz esse problema já nas primeiras semanas.”
Modelo P-A-S (Problema – Agitação – Solução)
Muito usada em marketing e vendas, essa estrutura foca na dor antes de apresentar a solução, gerando impacto emocional:
- Problema: descreva a dor com objetividade.
- Agitação: mostre o impacto se nada for feito.
- Solução: entre com sua proposta como resposta direta.
Essa lógica é eficaz para capturar atenção em pouco tempo, especialmente no elevator pitch.
Exemplo: “Equipes comerciais perdem tempo com tarefas manuais. Isso aumenta o risco de erro, e muitos negócios são perdidos por falta de organização. Criamos um CRM que centraliza contatos, automatiza follow-ups e ajuda a fechar mais com menos esforço.”
Modelo Golden Circle (Por quê – Como – O quê)
Criado por Simon Sinek, esse modelo parte do propósito antes de explicar o produto. A lógica é emocional e constrói conexão com o público ao mostrar motivação e causa.
- Por quê: comece pela razão da sua existência. O que você acredita?
- Como: explique seu diferencial, método ou processo.
- O quê: diga claramente o que você entrega.
Esse modelo funciona bem em apresentações institucionais, de impacto social ou quando o objetivo é destacar valores antes da solução.
Exemplo: “Acreditamos que pequenos negócios não devem depender de consultorias caras para crescer. Por isso, criamos uma plataforma de gestão enxuta com foco em processos simples e automações práticas. Hoje, ela é usada por mais de 8 mil empresas em 5 estados.”
Modelo Guy Kawasaki – Pitch de 10 tópicos (resumido)
Desenvolvido para apresentações a investidores, esse modelo propõe uma sequência lógica com os 10 pontos essenciais de um pitch completo. Embora seja usado com slides, pode ser adaptado para discursos verbais em até 3 minutos.
- Título e propósito
- Problema real
- Solução direta
- Modelo de negócio (como ganha dinheiro)
- Tecnologia ou diferencial competitivo
- Marketing e distribuição
- Projeções e métricas principais
- Equipe
- Roadmap ou próximos passos
- Call to action
Ideal para startups em fase de captação ou validação, quando o público busca clareza nos números e viabilidade do projeto.
Exemplo: “Somos a CleanBox. Desenvolvemos caixas térmicas inteligentes para transporte de medicamentos. O mercado de logística médica cresce 8% ao ano e sofre com perdas por falhas térmicas. Nossas caixas monitoram a temperatura via app, e já estão em uso por 6 clínicas no Sudeste. Vendemos por assinatura mensal e buscamos aporte de R$ 400 mil para expansão comercial.”
Modelo AIDA (Atenção – Interesse – Desejo – Ação)
Clássico da publicidade, esse modelo é ideal para despertar atenção rapidamente e gerar conversão. Muito útil em vídeos, eventos ou apresentações em que a decisão precisa de estímulo direto.
- Atenção: use uma frase de impacto, pergunta ou dado.
- Interesse: mostre um problema que afeta o público.
- Desejo: apresente o benefício real da solução.
- Ação: convide o ouvinte a dar o próximo passo.
Funciona bem quando o público não conhece a solução e precisa se engajar emocionalmente com a proposta.
Exemplo: “Você sabia que 60% dos pequenos varejos não controlam margem por produto? Isso faz com que vendam sem saber se estão lucrando. Com nosso app, o gestor enxerga custo real e lucro por item em segundos. Quer ver funcionando com os dados do seu negócio?”
Modelo Problema – Solução – Prova – Pedido
Objetivo, direto e funcional. Esse modelo é indicado para quem já conhece o contexto do público e quer mostrar efetividade e resultado logo de início.
- Problema: apresente o desafio que seu público enfrenta.
- Solução: diga o que você faz para resolver.
- Prova: use dados, casos reais ou resultados validados.
- Pedido: finalize com um CTA claro — reunião, teste, contato.
Esse formato é útil em vendas B2B, reuniões técnicas e pitches consultivos, onde a objetividade é valorizada.
Exemplo: “Equipes de manutenção industrial ainda trabalham com ordens em papel, o que causa falhas no registro e atrasos. Desenvolvemos um sistema que digitaliza ordens de serviço com checklist e rastreio. Em uma indústria parceira, o tempo médio de resposta caiu 27%. Posso mostrar como aplicar isso no seu processo ainda esta semana?”
Com estes modelos, você amplia o repertório de estruturação para diferentes situações — seja em captação de recursos, venda direta, vídeo de apresentação ou proposta técnica.
Exemplos reais: como grandes empresas apresentaram suas ideias
Estes três casos são referências clássicas porque usaram estruturas simples para apresentar soluções com clareza. Veja como organizar um pitch de impacto com base nos modelos usados por essas empresas:
Airbnb
Estrutura aplicada: Problema – Solução – Prova
Contexto: Primeiro pitch deck da startup em 2009.
Pitch adaptado (resumo): “Viajar é caro e os hotéis nem sempre oferecem boas experiências. Ao mesmo tempo, há pessoas com quartos ou imóveis ociosos. Conectamos esses anfitriões a viajantes por meio de uma plataforma segura e simples. Em dois meses, tivemos 800 reservas em três cidades.”
Por que funcionou: O problema é conhecido, a solução é direta e os dados iniciais provam tração. A linguagem é acessível e centrada no benefício mútuo — essencial para convencer nas fases iniciais.
Uber
Estrutura aplicada: P-A-S (Problema – Agitação – Solução)
Contexto: Pitch para investidores em 2010.
Pitch adaptado (resumo): “Pegar táxi em grandes cidades é caro, demorado e nem sempre confiável. Usuários enfrentam espera, cobranças variáveis e falta de controle. Criamos um app que conecta passageiros a motoristas particulares com preço fixo, rastreamento em tempo real e pagamento direto no celular.”
Por que funcionou: A dor foi expressa com clareza e reforçada por situações comuns do cotidiano. A solução usa tecnologia simples, fácil de visualizar e aplicável de forma imediata.
Dropbox
Estrutura aplicada: Golden Circle (Por quê – Como – O quê)
Contexto: Vídeo de apresentação em 2007 com pitch narrado.
Pitch adaptado (resumo): “Acreditamos que qualquer pessoa deve acessar seus arquivos, de qualquer lugar, a qualquer hora. Criamos uma pasta virtual que sincroniza automaticamente seus documentos entre dispositivos. Basta arrastar os arquivos — sem configuração, sem complicação.”
Por que funcionou: Começa com propósito (liberdade de acesso), apresenta um diferencial de experiência (simplicidade) e termina com um benefício direto. A proposta foi reforçada com uma demonstração visual, o que aumentou a compreensão.
Esses exemplos mostram como empresas bem-sucedidas usaram estrutura, clareza e foco no benefício para apresentar suas ideias. Eles adaptaram a mensagem para o tempo, público e momento do negócio.
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Como escolher o modelo ideal de pitch
A estrutura do pitch deve ser compatível com o público, o tempo disponível e o objetivo da apresentação. Mais do que seguir uma fórmula, é importante saber adaptar o conteúdo ao contexto em que será apresentado.
Defina o objetivo da apresentação
Antes de montar seu pitch, tenha clareza sobre o que você busca:
- Se o foco é captar investimento, use modelos que evidenciem tração, viabilidade financeira e diferenciais claros. O modelo de Guy Kawasaki ou o formato Problema – Solução – Prova – Pedido são boas escolhas.
- Se a intenção é vender um produto ou serviço, dê ênfase à dor do cliente e ao benefício direto. Nesse caso, modelos como P-A-S ou AIDA costumam gerar mais engajamento.
- Para apresentar a empresa, sua missão ou propósito, o Golden Circle funciona bem. Ele cria uma conexão emocional e comunica valores com clareza.
- Em eventos de networking ou apresentações rápidas, opte por métodos diretos e concisos, como os 3 Atos ou o modelo S-C-A. Eles são ideais quando você tem no máximo um minuto para causar impacto.
Ajuste o conteúdo ao tempo disponível
A duração do pitch influencia diretamente na escolha da estrutura:
- Em situações de 30 a 60 segundos, como em conversas rápidas ou apresentações iniciais, prefira modelos mais compactos e fáceis de lembrar. O P-A-S e os 3 Atos funcionam bem nesse formato.
- Para apresentações entre 1 e 3 minutos, como pitches institucionais ou de venda consultiva, você pode usar estruturas mais completas, como AIDA ou Golden Circle.
- Quando há mais tempo — acima de 3 minutos — e o público espera uma visão ampla do negócio, o ideal é usar modelos com mais profundidade, como o de Guy Kawasaki ou o formato com prova de tração.
Conheça o perfil do público
O conteúdo também deve considerar quem está ouvindo:
- Para públicos técnicos, vá direto ao ponto. Use linguagem clara, dados concretos e soluções objetivas. O modelo Problema – Solução – Prova – Pedido atende bem esse perfil.
- Para executivos ou investidores, mostre números, impacto e o que você espera como próximo passo. Estruturas como Guy Kawasaki ou P-A-S adaptado com métricas são mais eficientes.
- Para audiências mais amplas ou com menor familiaridade com o tema, prefira contar uma história com começo, meio e fim. Modelos como os 3 Atos ou Golden Circle são mais acessíveis e geram conexão emocional.
Saber fazer um pitch é mais do que apresentar uma ideia em pouco tempo. É sobre organizar as informações de forma lógica, destacar o que importa e falar com clareza para quem realmente decide.
Um pitch bem estruturado é aquele que transmite a mensagem certa para o público certo, no tempo certo.
Você viu neste conteúdo as principais metodologias para estruturar um pitch, exemplos reais de empresas que usaram argumentos simples e eficazes, além de critérios para escolher o formato mais adequado para cada situação.
Não existe uma única fórmula ideal. O que torna um pitch eficiente é a adaptação: ao tempo, ao público e ao objetivo. Estrutura conta, mas o impacto está na forma como você conduz a mensagem.