Desocupação
Análise de dados

29 de novembro de 2016

Última atualização: 13 de abril de 2023

Taxa de Desocupação: Uma análise das diferenças

O que é a taxa de desocupação?

Taxa de Desocupação: na semana passada, saiu a PNAD contínua do 3º Trimestre de 2016 e o resultado, comentaremos aqui neste artigo. É interessante, pois por meio dela é possível entender as variadas maneiras que a crise afeta o emprego no Brasil. Vamos lá?

Qual a definição da taxa de desocupação?

O conceito fundamental para entender a taxa de desocupação é o de trabalho: significa a ocupação econômica remunerada em dinheiro, produtos ou outras formas não monetárias, ou a ocupação econômica sem remuneração, exercida pelo menos durante 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou a instituições religiosas beneficentes ou em cooperativismo ou, ainda, como aprendiz ou estagiário. Para os indivíduos que trabalham investiga-se a ocupação, o ramo de atividade, a posição na ocupação, a existência de mais de um trabalho, o rendimento efetivamente recebido no mês anterior, o número de horas efetivamente trabalhadas, etc.

Para os indivíduos que procuram trabalho investiga-se a providência tomada, o tempo de procura, se trabalharam antes com ou sem remuneração, a ocupação, o ramo de atividade e a posição na ocupação do último trabalho. Para os inativos, se procuraram trabalho no período de referência de 30 ou 60 dias.

Quais os conceitos de População em Idade Ativa?

Compreende as população economicamente ativa e a população não economicamente ativa.

I) População Economicamente Ativa

Compreende o potencial de mão-de-obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada, assim definidas: população ocupada - aquelas pessoas que, num determinado período de referência, trabalharam ou tinham trabalho mas não trabalharam (por exemplo, pessoas em férias).

As pessoas ocupadas são classificadas em:

  1. Empregados - aquelas pessoas que trabalham para um empregador ou ou mais, cumprindo uma jornada de trabalho, recebendo em contrapartida uma remuneração em Dinheiro ou outra forma de pagamento (moradia, alimentação, vestuário, etc.). Incluem- se, entre as pessoas empregadas, aquelas que prestam serviço militar obrigatório e os clérigos. Os empregados são classificados segundo a existência ou não de carteira de trabalho assinada.
  2. Conta Própria - aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, sem empregados.
  3. Empregadores - aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, com auxílio de um ou mais empregados.
  4. Não Remunerados - aquelas pessoas que exercem uma ocupação econômica, sem remuneração, pelo menos 15 horas na semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, ou em ajuda a instituições religiosas, beneficentes ou de cooperativismo, ou, ainda, como aprendiz ou estagiário.

População Desocupada - aquelas pessoas que não tinham trababalho, num determinado período de referência, mas estavam dispostas a trabalhar, e que, para isso, tomaram alguma providência efetiva (consultando pessoas, jornais, etc.).

II) População Não Economicamente Ativa

As pessoas não classificadas como ocupadas ou desocupadas.

Rendimento do Trabalho

Para os empregados, considera-se a remuneração efetivamente recebida no mês de referência.

Assim sendo, incluem-se as parcelas referentes ao 13º, 14º, 15º salários e a participação nos lucros paga pela empresa, ou outra gratificação, no mês de referência. Para os empregadores e para as pessoas que trabalham por conta própria considera-se a retirada feita ou o ganho líquido recebido efetivamente no mês de referência.

Define-se como ganho líquido o rendimento bruto menos as despesas efetuadas com o negócio ou profissão (salário de empregados, despesas com matéria-prima, energia elétrica, telefone, etc.).

Para a pessoa que recebe, pelo seu trabalho, em produtos ou mercadorias, considera-se o valor de mercado dos produtos recebidos.

Para a pessoa que estiver licenciada por instituto de previdência, considera-se o rendimento bruto do benefício (auxílio-doença, auxílio por acidente de trabalho, etc.), efetivamente recebido no mês de referência.

Indicadores

A partir dos dados levantados pela pesquisa, são gerados mensalmente vários indicadores, como: Taxa de Desemprego Aberto - relação entre o número de pessoas desocupadas (procurando trabalho) e o número de pessoas economicamente ativas num determinado período de referência.

  1. Taxa de Desemprego Aberto - pessoas que nunca trabalharam - relação entre o número de pessoas desocupadas que nunca trabalharam e o número de pessoas economicamente ativas, num determinado período de referência.
  2. Taxa de Desemprego Aberto - pessoas que já trabalharam - relação entre o número de pessoas desocupadas que trabalharam e o número de pessoas economicamente ativas, num determinado período de referência.
  3. Taxa de Desemprego Aberto por Setor de Atividade - relação entre o número de pessoas desocupadas cujo último trabalho foi num determinado setor (indústria de transformação, comércio, construção civil, serviços ou outras atividades) e o número de pessoas economicamente ativas no respectivo setor, num determinado período de referência.

Taxa de Atividade - relação entre o número de pessoas economicamente ativas e o número de pessoas em idade ativa num determinado período de referência.

Proporção de Pessoas Ocupadas por Setor de Atividade - relação entre o número de pessoas ocupadas num determinado setor (indústria de transformação, comércio, construção civil, serviços ou outras atividades) e o número de pessoas ocupadas, num determinado período de referência.

Proporção de Pessoas Ocupadas por Posição na Ocupação - relação entre o número de pessoas ocupadas em cada posição (empregados com ou sem carteira assinada conta própria e empregadores) e o número de pessoas ocupadas, num determinado período de referência.

Sazonalidade dos Indicadores

Alguns indicadores da Pesquisa Mensal de Emprego apresentam movimentos tipicamente sazonais, como, por exemplo, a diminuição do número de pessoas desocupadas (procurando trabalho) no último trimestre do ano e o aumento dos rendimentos médios reais no mês de dezembro, Devido ao recebimento do 13º salário e gratificações normais nesta época do ano.

Como analisar a taxa de desocupação?

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o foco na taxa de desocupação composta dada pela imprensa. Normalmente, bate-se bastante na taxa de desemprego apenas, mas como a crise está complicada, este número mostra melhor a situação. Antes, é preciso definirmos operacionalmente o que que chamaremos de taxa de desocupação neste estudo.  Segundo o IBGE, entende-se por taxa composta da subutilização da força de trabalho, a taxa que agrega a taxa de desocupação, taxa de subocupação por insuficiência de horas e da força de trabalho potencial.

O número, mostrado pelo IBGE, congrega o desemprego (taxa de desocupação), a taxa de subocupação (trabalhadores com jornada reduzida) e a força de trabalho potencial (pessoas que procuraram trabalho, mas não estavam disponíveis para trabalhar). Definições a parte, vamos ver como está este indicador? E, para vê-lo, o que sugerem caros leitores? Tendência ou Controle?

taxa de desocupação

Figura 1: Gráfico de Controle da Taxa Composta da Subutilização da força de trabalho.

Taxa de Desocupação

Pela fig. 1 eu preciso falar alguma coisa? Ou fala por si? Gráfico saindo fora do controle desse o segundo trimestre, apontando um número de 21%. O período do 4º Tri de 2013 até o 4º Tri de 2014 parece ter sido o paraíso da ocupação. Depois do ano da eleição (2014), chegou o ano da verdade e, de lá para cá, aumentamos o nefasto indicador em 8%. Não é mole não pessoal.

E, saindo do Brasil e olhando para cada Estado, qual é o que está em pior condição? Bahia. E o melhor? Santa Catarina. Vamos ver a evolução destes Estados?

Taxa de Desocupação

Figura 2: Gráfico de Controle da Taxa Composta da Subutilização da força de trabalho Bahia.

taxa de desocupação

Figura 3: Gráfico de Controle da Taxa Composta da Subutilização da força de trabalho Santa Catarina.

Pela fig. 3 e fig. 4, parece que o comportamento dos Estados é parecido, porém, há uma diferença de 23% entre a Bahia e Santa Catarina. Será que esta diferença se mantém? Vamos fazer um gráfico de controle da diferença.

Taxa de Desocupação

Figura 4: Gráfico de Controle entre a diferença de SC e da BA.

Pela fig. 4, a diferença na taxa de desocupação está sob controle, ou seja, a Bahia não está conseguindo tirar o atraso. E, a crise do Brasil está sendo democrática, afetando todos os Estados de maneira parecida. Mas o que será que poderia explicar esta diferença na taxa de desocupação entre a Bahia e Santa Catarina? Alguma hipótese? É assim que penso ser interessante investigar a taxa de desocupação.

Desafio

Você deve ter várias hipóteses em mente, para explicar a diferença entre Santa Catarina e Bahia. Não vou fazer aqui esta análise, mas vou desafiar você a fazê-la e nos enviar. Para a melhor análise, iremos reproduzi-la aqui e ainda você ganhará um curso EAD da plataforma FM2S. Mas só para dar um cheiro da resposta, fui verificar a taxa de abandono escolar em 2015. Em Santa Catarina, era de 0,5%. Já na Bahia, de 4,0%. Quando olhamos mais de perto, a taxa de abandono das escolar particulares é de 0,3%, já nas públicas, de 4,6%. Diante deste cenário, pergunto: para onde está indo o Brasil?

Quando defendemos a educação, por meio de nossas certificações Green Belt, Black Belt, Lean e várias outras gratuitas, queremos mudar esta história. Para nós, sem educação só temos uma saída: desemprego ou sub-emprego e, cá entre nós, nenhumas delas é boa.

Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.