A demissão faz parte da dinâmica do mercado de trabalho. Pode ocorrer por diversos motivos e ter diferentes implicações para empresa e colaborador. Conhecer os tipos de desligamento ajuda a compreender direitos, deveres e as melhores estratégias para cada situação.
O que é demissão?
A demissão é o processo de encerramento do vínculo empregatício entre uma empresa e um colaborador. Esse desligamento pode ocorrer por iniciativa da empresa, do próprio trabalhador ou por situações excepcionais que impeçam a continuidade do contrato. O tipo de demissão influencia os direitos e deveres de ambas as partes.
Tipos de demissão
1. Demissão sem justa causa
Acontece quando a empresa decide encerrar o contrato sem um motivo específico ligado ao desempenho ou conduta do empregado. O empregado tem direito a receber aviso prévio, saldo de salário, férias proporcionais, 13º salário, saque do FGTS com multa de 40% e seguro-desemprego, caso cumpra os requisitos.
2. Demissão por justa causa
Ocorre quando o colaborador comete falta grave, como desvio de conduta, indisciplina ou improbidade. Nessa situação, o colaborador recebe apenas saldo de salário e férias vencidas.
Motivos comuns para justa causa
- Roubo ou fraude
- Agressão física ou verbal
- Embriaguez durante o expediente
- Desleixo nas funções
- Violação de normas internas
3. Pedido de demissão
Quando o próprio colaborador solicita o desligamento. Quando o empregado decide sair por conta própria, ele abre mão da multa do FGTS e do seguro-desemprego. Caso não cumpra o aviso prévio, o empregador pode descontar esse período das verbas rescisórias.
Quando vale a pena pedir demissão?
- Nova oportunidade profissional
- Falta de perspectiva de crescimento
- Insatisfação com o ambiente de trabalho
4. Demissão consensual
Modalidade introduzida pela Reforma Trabalhista de 2017, permite um acordo entre empresa e empregado. Nesse caso, a multa do FGTS é reduzida para 20%, e o colaborador pode sacar 80% do fundo, mas perde o direito ao seguro-desemprego.
Vantagens da demissão consensual
- Redução dos custos para a empresa
- Maior flexibilidade para o trabalhador
- Possibilidade de manter um bom relacionamento com a empresa
5. Demissão indireta
Ocorre quando a empresa descumpre suas obrigações, como atrasos salariais frequentes, ambiente de trabalho abusivo ou não recolhimento do FGTS. O trabalhador pode entrar com a ação judicial e, se comprovado, recebe os mesmos direitos da demissão sem justa causa.
Situações que justificam a demissão indireta
- Assédio moral ou sexual
- Falta de pagamento de salários
- Descumprimento de normas de segurança
6. Demissão por força maior
Acontece em situações excepcionais, como desastres naturais ou atos governamentais que impeçam a continuidade da atividade empresarial. Os direitos variam conforme a legislação e as condições específicas do caso.
7. Demissão por acordo coletivo
Em algumas situações, sindicatos e empresas podem negociar demissões coletivas por meio de acordos trabalhistas, garantindo benefícios específicos para os trabalhadores desligados.
Direitos e benefícios podem incluir:
- Pacotes de indenização diferenciados
- Benefícios adicionais, como manutenção do plano de saúde
- Recolocação profissional
8. Demissão coletiva
Ocorre quando a empresa dispensa vários colaboradores ao mesmo tempo, normalmente por crises financeiras ou reestruturações internas. Pode envolver negociação sindical para garantir melhores condições aos afetados.
Quais são os direitos e deveres do trabalhador e da empresa?
A legislação trabalhista brasileira, regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estabelece os direitos e deveres tanto do empregador quanto do empregado no momento do desligamento. Conhecer esses aspectos legais é essencial para evitar prejuízos e garantir que todos os procedimentos sejam realizados de forma correta.
O processo de demissão deve seguir normas legais para garantir que ambas as partes cumpram seus deveres e respeitem os direitos estabelecidos.
Direitos do trabalhador:
- Receber todas as verbas rescisórias dentro do prazo legal de dez dias após a demissão.
- Em casos de demissão sem justa causa, poder sacar o FGTS e acessar o seguro-desemprego.
- Ter o contrato rescindido formalmente, com a entrega do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT).
- Exigir a entrega de documentos como a carteira de trabalho atualizada e comprovante de quitação das verbas rescisórias.
Deveres do trabalhador:
- Cumprir o aviso prévio caso solicite a demissão ou negociar a dispensa desse período com o empregador.
- Devolver equipamentos ou materiais fornecidos pela empresa.
- Respeitar cláusulas de sigilo e não concorrência, caso existam.
Direitos da empresa:
- Exigir o cumprimento do aviso prévio trabalhado ou descontar do pagamento final caso o empregado peça demissão e não queira cumprir o período.
- Demitir um funcionário por justa causa em casos de conduta grave, conforme previsto no artigo 482 da CLT.
- Contestar pedidos de demissão indireta caso não reconheça falhas apontadas pelo colaborador.
Deveres da empresa:
- Pagar corretamente todas as verbas rescisórias no prazo legal.
- Informar imediatamente a demissão aos órgãos competentes, como CAGED e eSocial.
- Manter um ambiente de trabalho seguro e respeitoso até o último dia do contrato.
Como proceder em caso de demissão
Seja qual for o tipo de desligamento, é essencial que o trabalhador fique atento aos seus direitos. Algumas recomendações:
- Verificar se todos os valores foram pagos corretamente
- Exigir o termo de rescisão do contrato
- Consultar o saldo do FGTS
- Conferir a possibilidade de solicitar seguro-desemprego
Impacto da demissão no mercado de trabalho
O volume de demissões pode impactar setores inteiros e influenciar tendências do mercado de trabalho. Em momentos de crise, demissões coletivas se tornam mais comuns, enquanto períodos de crescimento econômico geram maior estabilidade.
A demissão não afeta apenas o colaborador, mas também a empresa e o mercado como um todo. Em grande escala, desligamentos podem indicar crises econômicas, mudanças tecnológicas ou reestruturações internas. Para os profissionais, representa uma transição que exige adaptação e planejamento.
Os líderes desempenham um papel fundamental nesses momentos. Uma demissão bem conduzida preserva a reputação da empresa, mantém a moral da equipe e minimiza impactos negativos. Comunicação transparente, suporte emocional e orientação para recolocação são práticas essenciais para tornar esse processo mais humano e profissional.
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Dicas para lidar com a demissão
Ser demitido pode ser um momento desafiador, mas com planejamento e ações estratégicas, é possível transformar essa fase em uma oportunidade de crescimento. Aqui estão algumas dicas para enfrentar essa situação da melhor forma possível:
Mantenha a calma e reflita
O primeiro passo é evitar decisões impulsivas. Respire fundo, analise a situação e entenda os motivos do desligamento. Isso ajudará a agir com mais clareza e racionalidade.
Verifique seus direitos
Certifique-se de que todos os valores foram pagos corretamente, incluindo saldo de salário, férias proporcionais, 13º salário e possíveis indenizações. Consulte um especialista em direito trabalhista, se necessário.
Organize suas finanças
Faça um planejamento financeiro para os próximos meses. Corte gastos desnecessários e priorize despesas essenciais até que encontre uma nova fonte de renda.
Atualize seu currículo e LinkedIn
Revise seu currículo, destacando suas habilidades, experiências e conquistas. No LinkedIn, conecte-se com profissionais da sua área e participe de grupos de networking.
Invista em capacitação
Aproveite o momento para se atualizar e desenvolver novas competências. Cursos online, certificações e workshops podem aumentar suas chances de recolocação no mercado.
Ative sua rede de contatos
Informe amigos, ex-colegas e mentores sobre sua busca por novas oportunidades. Muitas vagas são preenchidas por indicações, e um bom networking pode ser essencial.
Considere novas possibilidades
Avalie outras áreas de atuação, empreendedorismo ou trabalhos freelancers. A demissão pode ser uma chance de explorar novas carreiras ou até abrir seu próprio negócio.
Cuide da sua saúde mental
O impacto emocional da demissão pode ser grande. Pratique atividades que aliviem o estresse, como exercícios físicos, meditação e hobbies. Se necessário, busque apoio psicológico.
Prepare-se para entrevistas
Estude perguntas comuns, treine suas respostas e esteja pronto para explicar sua saída da empresa de maneira positiva, destacando aprendizados e experiências adquiridas.
Mantenha-se motivado
O processo de recolocação pode levar tempo, mas a persistência é fundamental. Defina metas diárias e acompanhe seu progresso para manter-se produtivo e confiante.
Quando recorrer à Justiça do Trabalho?
Em alguns casos, tanto o empregador quanto o trabalhador podem recorrer à Justiça do Trabalho para resolver disputas relacionadas à demissão. Algumas das situações mais comuns incluem:
- Atraso no pagamento das verbas rescisórias: o prazo máximo é de dez dias após a rescisão do contrato. Caso a empresa não cumpra, o trabalhador pode solicitar a penalidade prevista na CLT, que inclui multa.
- Demissão por justa causa sem comprovação: se o trabalhador for demitido por justa causa sem justificativa adequada, ele pode entrar com uma ação trabalhista para reverter a decisão e exigir os direitos de uma demissão sem justa causa.
- Demissão indireta: quando a empresa descumpre regras básicas do contrato de trabalho, o empregado pode ingressar com uma ação judicial para ter reconhecida a rescisão indireta e garantir os direitos equivalentes à demissão sem justa causa.
- Assédio ou discriminação: demissões motivadas por preconceito de gênero, raça, orientação sexual ou qualquer outro fator discriminatório são ilegais e podem ser contestadas judicialmente.
Cada tipo de demissão tem regras específicas e impactos financeiros distintos. Conhecer essas diferenças permite que empresas e colaboradores tomem decisões mais conscientes, reduzindo riscos e garantindo direitos. O entendimento dessas modalidades também possibilita um planejamento de carreira mais estruturado, com menor impacto financeiro e emocional em casos de desligamento.
Com organização e estratégia, a demissão pode ser encarada como um recomeço. O importante é seguir em frente, aprendendo com a experiência e aproveitando as novas oportunidades que surgirem.