Nem só de obras vive o engenheiro. Com um aumento na expectativa salarial e as regulações que facilitam a presença de investidores no mercado, cada vez mais o mercado financeiro tem atraído engenheiros para seus quadros. Trabalhar no mercado financeiro pode se mostrar um grande desafio, mas uma grande oportunidade para o engenheiro recém formado. Como toda área, porém, possui desafios e particularidades que você precisa estar atento. Confira!
Porque trabalhar no mercado financeiro?
O trabalho no mercado financeiro brilha os olhos de muitos profissionais que procuram uma ascensão profissional mais ligeira. Com muitas oportunidades e uma barreira de entrada relativamente baixa – basta uma certificação para começar – muitos tem visto nela uma oportunidade de destaque. Listamos alguns motivos que levam os profissionais a esse segmento:
Remuneração
Apesar de começar abaixo do que um engenheiro costuma ganhar, a remuneração para o trabalho no mercado financeiro cresce exponencialmente conforme ele ganha experiência. Além disso, a remuneração vai além do fixo, para os ganhos variáveis que se multiplicam a depender da performance.
Status
De “Lobo de Wall Street” até “O Grande Jogo”, não faltam representações na mídia de executivos do mercado financeiro. Compras e vendas milionárias ficam ao alcance de uma ligação ou um botão desses analistas. A profissão acaba brilhando os olhos de quem quer aparecer mais no cargo.
Flexibilidade de trabalho
Apesar de lidar com computadores potentes para grandes visualizações de dados e uma necessidade de segurança, os horários flexíveis e o formato do setor permitem que o profissional não raro trabalhe de casa ou encontre o melhor horário para si. Acaba sendo atrativo para quem busca flexibilidade no trabalho.
Quais engenharias se dão melhor no mercado financeiro?
Apesar de um engenheiro precisar desenvolver algumas soft skills, como comunicação assertiva com os clientes, networking e resiliência emocional, existem também hard skills de sua formação que serão essenciais para o trabalho no mercado financeiro. Por isso separamos algumas das engenharias mais buscadas por analistas e as respectivas habilidades. Entretanto, destacamos que muitas delas são comuns a várias engenharias: basta saber se posicionar.
Engenharia agrícola
Com uma grande presença de empresas do setor agrícola, o engenheiro agrícola tem conhecimento de causa de sobra sobre seus colegas analistas. O Brasil é um país fundamentalmente exportador de commodities, fazendo com que alguém que entenda os ciclos do campo se destaque. Em entrevista recente, o Joio e o Trigo demonstraram como o trabalho do campo deu o tom da Bolsa brasileira nos últimos anos.
Engenharia de produção
Um engenheiro de produção consegue enxergar nos processos produtivos oportunidades de negócios em diferentes setores. Ele será extremamente capaz de avaliar o desempenho de empresas e o “chão de fábrica”, melhor do que quem tenha a cabeça voltada apenas para planilhas. Além disso, a capacidade de discernir processos e melhorias vai lhe conferir um sentido extra na hora de julgar um turnaround de uma companhia.
Engenharia civil
Com amplo desenvolvimento de produtos financeiros nesse segmento – de CRIs e LCIs, na renda fixa, passando por Fundos Imobiliários (os FIIs) até ações de empresas de construção civil, como MRV Engenharia ou Cyrella, o engenheiro civil vai saber avaliar e por vezes ter um rating mais acurado do que um S&P. Sobretudo sua habilidade de cálculo permitirá que se encontre com mais facilidade no labirinto contábil dos relatórios trimestrais das companhias.
Engenheiro mecânico
Além deles destacamos ainda o engenheiro mecânico pela sua afinidade com o fluxo industrial que domina boa parte das origens de investimentos. Sabendo como e qual o impacto do funcionamento ou não das máquinas, ele estará um passo à frente para avaliar o desempenho fabril de muitas marcas. Com isso, sua análise sempre estará acrescentada de um profundo conhecimento, identificando tendências e novas oportunidades de investimento em modelos disruptivos de negócios.
Outras engenharias
Destacar essas não significa ignorar as demais engenharias. Em todas elas alguns conhecimentos setoriais serão importantes para avaliar os ativos que são negociados na bolsa de valores. Um engenheiro ambiental seria ótimo para administrar um ETF baseado em índices ESG, e um engenheiro elétrico poderia avaliar o setor favorito para dividendos – o de transmissão e geração elétrica. Além das habilidades setoriais, há outras que o analista precisa se manter atento.
Quais habilidades se procura nesse profissional?
Destacamos algumas vertentes da engenharia e como suas formações ajudam a entender o mercado financeiro. Porém, outras habilidades são necessárias para se destacar nesse campo.
- Habilidade com cálculo: algo inerente ao exercício da profissão de engenharia, o cálculo será usado tanto na análise técnica quanto fundamentalista de ações;
- Agilidade de resolução: o mercado financeiro é ágil e as janelas de oportunidade para bons negócios são poucas – logo, se espera que o profissional também esteja pronto para isso;
- Raciocínio lógico: há muitas relações de causa e efeito e coincidências no mercado financeiro, e consequentemente o profissional que queria se destacar precisa saber a diferença entre ambas;
- Inteligência emocional: pergunte para qualquer analista: o mercado é irracional. E para lidar com essa irracionalidade você vai precisar ter estômago para as quedas e altas do mercado, sabendo tirar o melhor delas;
- Treinamento comercial: além de analisar preços, também será necessário saber vender ideias – por isso vale sempre a pena se aprofundar em técnicas de negociação.
- Manter-se atualizado: com acontecimentos – desde políticos a regulatórios, passando por internacionais e setoriais – influenciando o preço dos ativos o tempo todo, um bom profissional do mercado financeiro precisa estar atualizado, consumindo notícias dos principais veículos de finanças.
O que um engenheiro precisa para trabalhar no mercado financeiro?
O mercado financeiro é extremamente regulado pelos órgãos oficiais, uma vez que lidam com volumes gigantescos de dinheiro e direcionam a atividade produtiva do país. Por isso, não é qualquer um que pode tomar decisões nesse ramo. Para se assegurar que o profissional seja capaz, o governo brasileiro gerou alguns certificados para garantir o trabalho desse profissional. De fato, uma pessoa só pode se chamar “analista” no mercado financeiro se for devidamente certificado com alguma dessas certificações:
CNPI
O analista que passa na prova da Comissão de Valores Mobiliários é o Analista CNPI, que pode ainda ser o CNPI Técnico (fluente na análise técnica de ações), o CNPI Fundamentalista (da análise fundamentalista) e o CNPI Pleno (fluente em ambas as análises). Esse é o profissional autorizado a recomendar a compra e venda de valores mobiliários, como ações, fundos de investimento, derivativos, câmbio, etc. Normalmente atua junto a fundos de investimentos como pesquisadores de oportunidades.
CPA
Dividido em CPA-10 e CPA-20 é ideal para quem quer seguir carreira em grandes bancos, podendo ofertar produtos dessas instituições. A instituição certificadora é a Anbima, e para ser aprovado é necessário ter 70% de aproveitamento nas provas da instituição.
CEA
O CEA, também pela Anbima, é um certificado mais completo que ainda admite que o profissional seja gestor de contas. O profissional que opta por essa certificação busca os ganhos exponenciais de ganhos com as contas de clientes.
CGA
Um passo além na gestão, o profissional que tem um Certificado de Gestão Anbima está qualificado e autorizado a gerir fundos de investimento, fundos imobiliários e toda sorte de fundos listados pela autarquia. Costuma ser o ápice do treinamento na carreira financeira, e cada vez mais ganham espaço na mídia.