O que é padronização?
Padronização é a uniformização de produtos, serviços e atividades. Idealmente, ela é conduzida por moldes que representam a melhor forma de execução de um trabalho, considerando a maneira mais segura, fácil, barata e confiável de um operador garantir a qualidade.
A padronização geralmente engloba os padrões técnicos (especificações) do produto, bem como os procedimentos operacionais para produzi-lo. Além disso, levam-se em conta as atividades relacionadas ao controle da qualidade, meio ambiente e segurança. Dessa forma, a padronização contribui para a estabilização dos processos, harmonizando a mão de obra com os demais elementos: com efeito, o conjunto máquina, método, mão de obra e material conecta-se formando um poderoso sistema de produção.
No Lean Manufacturing, a visão de padronização é um pouco diferente: a produção enxuta considera o desenvolvimento da padronização como base para a melhoria contínua, ou seja, espera que os resultados futuros superem os padrões. Já na visão tradicional, os padrões são considerados o objetivo a ser seguido, como se fossem o último nível de desempenho. Em suma, no Lean padroniza-se para melhorar, enquanto na abordagem tradicional, para evitar mudanças no procedimento. Acesse o curso gratuito da FM2S de Introdução ao Lean.

Como realizar a padronização da qualidade?
Para a padronização da qualidade, devemos considerar que os critérios são baseados nas expectativas dos clientes e estão relacionados às exigências estéticas e funcionais do produto, como:
- Aparência geral e qualidade da superfície;
- Tamanho do produto e combinação de cores;
- Observação de falhas ou tolerâncias;
- Quantidade de defeitos existentes;
- Existência de rebarbas.
Para registrar essa padronização, utilizamos ferramentas como a instrução de trabalho, um quadro com os padrões, uma folha de instrução de trabalho (FIT) ou um procedimento operacional. Com esses materiais, é possível registrar e disseminar para a equipe todas as características de qualidade importantes para o cliente.
Esses documentos são a garantia de que todos compreendem o que é qualidade para o cliente e que, ao seguir as instruções, conseguirão produzir conforme o esperado.
Como é feita a padronização de segurança e meio ambiente?
Esse tipo de padronização tem como objetivo adequar-se às leis estaduais e federais relacionadas a esses temas. Se você tem uma empresa de moagem de quartzo, por exemplo, será necessário estabelecer padrões para manuseio do material, proteção individual dos colaboradores, descarte de resíduos e uso adequado da água. Um exemplo é a CETESB, que possui vários regulamentos obrigatórios, e o não cumprimento pode levar à interdição da operação.
Geralmente, essa padronização é elaborada pelos departamentos de Engenharia e não pode ser modificada sem autorização. Além disso, é essencial desenvolver métodos para garantir a segurança do operador e do meio ambiente, eliminando riscos como:
- Acidentes com pisos escorregadios e ferramentas inadequadas;
- Vazamentos de óleo e produtos químicos no solo;
- Poluição atmosférica.
A propósito, como está a padronização na sua empresa? Seus padrões de qualidade, segurança e meio ambiente estão bem definidos? Os operadores conhecem e foram treinados? Essa padronização é visível e atualizada?
O que são especificações padrão ou padrões técnicos?
Esses são padrões que fornecem informações técnicas e de processos relacionadas à operação correta dos equipamentos para a produção. As especificações padrão geralmente são fornecidas pelos departamentos de Engenharia Industrial, Métodos e Processos ou Processos e Projetos e não podem ser alteradas pela produção, pois isso pode impactar diretamente na qualidade ou no custo dos produtos.
São exemplos de especificações padrão:
- Folha de Instrução de Trabalho (FIT);
- Dimensões e tolerâncias dos produtos;
- Método de processamento (ex.: método de solda, acabamento);
- Parâmetros da operação do equipamento (ex.: tempo, temperatura, pressão);
- Informações sobre ações de manutenção;
- Checklist para Setup rápido.
E os seus padrões técnicos, como estão?
- Como está atualmente o posto de trabalho?
- Coletam-se os dados e informações necessárias?
- Quais são as Especificações Padrão existentes?
- Os operadores conhecem essas Especificações Padrões? Foram treinados?
- As Especificações estão visíveis e atualizadas?
- Quem é o responsável pela atualização e qual a sua frequência?
- Faça uma análise do Estado Atual e identifique: Quais as oportunidades identificadas?
O que é Procedimento Operacional Padrão?
O Procedimento Operacional Padrão é um documento que tem como objetivo fornecer as informações operacionais para definir as regras da operação. Ele é utilizado em: regras e parâmetros do Kanban; rotas de fluxo de peças na fábrica; exigências de 5S e TPM definidas; quadro de acompanhamento da produção e em muitas outras aplicações. Por isso, é reconhecido como uma das mais importantes ferramentas de padronização.
O que é a Padronização do Trabalho ou Trabalho Padrão?
Trabalho Padrão é a base das operações para a produção de produtos corretos do modo mais seguro, fácil e eficaz possível, partindo das tecnologias e dos processos já existentes. Consiste na descrição de procedimentos exatos para o trabalho de cada operador e está baseado em três elementos:
- Tempo Takt – ritmo de produção: define e direciona o trabalho e os movimentos do operador;
- Sequência de trabalho: fornece uma ordem de atividades aos operadores dentro do Tempo Takt;
- Estoque padrão (estoque em processo): indica a quantidade mínima de peças necessárias para o sistema funcionar sem interrupções.
Como pré-requisitos para o trabalho padrão, as tarefas devem ser repetitivas, pois se ela tiver a opção de “se....então” não será possível padronizar. Enquanto isso, as máquinas e equipamentos da linha de montagem ou das células de produção devem ser confiáveis. Assim, podemos concluir que não é possível padronizar se o trabalho é constantemente interrompido. Por isso os problemas de qualidade devem ser mínimos, pois, se o funcionário muda constantemente a sequência para “consertar” defeitos, não será possível padronizar.
Quais são os limites da Padronização do Trabalho?
Na maioria das empresas, é comum confundir o conceito de padronização do trabalho. Enviar estagiários ou analistas para mapear atividades e medir tempos não é padronização. Mapear tarefas e cronometrar a execução são passos importantes, mas, se não estiverem ligados à real padronização, não funcionam.
Além disso, é preciso entender que o trabalho tem exceções. Nem tudo pode ser padronizado, como em áreas de atendimento, onde imprevistos são comuns. Mas será que isso significa que não há solução? Ou você segue o velho pensamento de que "aqui não funciona assim"? Essa prática pode parecer mais fácil, mas geralmente não resolve o problema. Aprofunde-se na padronização.
Lembro de um projeto de SMED que marcou minha trajetória. Eu tinha 23 anos e era meu primeiro projeto Lean. Ao padronizar o setup, me disseram que a máquina "não pegava ajuste". Como assim? Após muitas conversas, explicaram que a encartuchadeira de perfume perdia o ajuste após 1 hora de operação. Diante disso, fiz a pergunta óbvia: por que não consertar a máquina? E as respostas foram sempre as mesmas: vazias e sem fundamento.
Quem utiliza o trabalho padrão?
O Trabalho Padrão deve ser utilizado principalmente pelo líder de produção como uma ferramenta de análise da operação. É o Trabalho Padrão que deve estabelecer as bases para a melhoria contínua e tem como benefícios:
- Documentação dos processos;
- Redução das variações;
- Treinamento de novos funcionários.
Como criar o trabalho padrão?
Existem três documentos principais utilizados na criação e desenvolvimento do Trabalho Padrão, são eles:
- Quadro de Capacidade do Processo: utilizado para calcular a capacidade das máquinas e equipamentos no processo produtivo e identificar gargalos no sistema. Os cálculos envolvem tempo manual e automático da máquina, tempo de troca de ferramentas e quantidade de peças por troca.
- Diagrama de Trabalho Padrão: mostra as etapas do processo e os períodos de tempo, os movimentos do operador, a localização dos materiais em relação à máquina e ao layout, além dos pontos críticos de qualidade e segurança.
- Tabela de Combinação de Trabalho Padrão: exibe a combinação do tempo de trabalho manual, tempo de caminhada e tempo de processamento da máquina para cada operador dentro da sequência de operação. Essa tabela mostra a interação entre homem e máquina e possibilita uma rápida análise caso haja variação no tempo Takt.
A saber, as folhas de Trabalho Padrão devem estar visíveis fora da célula produtiva, para que os líderes possam verificá-las, e não os operadores.
Como garantir a padronização do trabalho?
Liderança: a primeira tarefa do supervisor é garantir que a sua equipe conheça e aplique os Padrões de Trabalho estabelecidos.
Auditorias: são necessárias para criar o hábito de manutenção das melhorias. É a chave para manter a estabilidade do processo.
Tudo isso e muito mais é abordado em nossas certificações Lean Seis Sigma:
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Por fim, sabemos que para alavancar a carreira na área de melhoria, é importante sempre manter-se atualizado. Nesse caso, se você chegou até aqui é porque leva a sério e lê as coisas até o final. Parabéns! Não deixe de fazer os cursos, você vai gostar e verá como vale a pena.
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