Uma das primeiras profissões regulamentadas no Brasil e sem dúvida, uma das mais antigas do mundo, ser engenheiro é a profissão que vai desde o glamour do título até a bota suja. Seja você uma pessoa em transição de carreira ou escolhendo a melhor faculdade para si, conhecer a rotina e as perspectivas da profissão podem ajudar na tomada de decisão dos melhores caminhos a se seguir.
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Qual é a função de um engenheiro?
A função de um engenheiro é aplicar os princípios da ciência, matemática e engenharia para projetar, desenvolver, construir, testar e manter sistemas, estruturas, máquinas e processos de modo a resolver problemas e atender às necessidades da sociedade. Engenheiros trabalham em uma ampla variedade de campos, incluindo mecânica, civil, elétrica, aeroespacial, química, ambiental, de software, de telecomunicações, entre outros. Suas responsabilidades variam dependendo da área de atuação e podem incluir:
- Identificar e analisar problemas técnicos e de engenharia;
- Desenvolver soluções inovadoras e eficientes para esses problemas;
- Projetar e modelar sistemas, estruturas e componentes;
- Realizar cálculos e análises para garantir a funcionalidade, segurança e eficiência dos projetos;
- Testar e validar protótipos e modelos;
- Supervisionar a construção, instalação, manutenção e operação de sistemas e estruturas;
- Gerenciar projetos, incluindo a coordenação de equipes, recursos e orçamentos;
- Garantir a conformidade com regulamentações e padrões técnicos;
- Colaborar com outros profissionais, como arquitetos, urbanistas e cientistas, para desenvolver soluções integradas.
- Comunicar efetivamente os resultados e conclusões a stakeholders, como clientes, reguladores e a sociedade em geral.
Em suma, o objetivo principal de um engenheiro é melhorar a qualidade de vida e promover o desenvolvimento sustentável através da aplicação de conhecimentos científicos e técnicos.
Quais são as áreas atuantes de um engenheiro?
É mais fácil perguntar onde um engenheiro não atua. O profissional engenheiro certificado atua na avaliação, mensuração e administração de processos, materiais e projetos. Ele usa conhecimentos científicos de múltiplas áreas, com foco nas exatas, para trazer resultados tangíveis por onde passa. Uma vez que sua intervenção é facilmente calculada – por meio de KPI’s claros, por exemplo – também é mais fácil que o engenheiro tenha melhores salários. Cada uma das diferentes especializações de um engenheiro vai implicar em KPI’s diferentes, e um conjunto particular de hard e soft skills.
Engenheiro Civil
Um dos primeiros perfis que se vem à mente quando pensamos em engenheiros tem os engenheiros civis. Responsáveis por monitorar, assinar e regulamentar diversos aspectos de uma construção, o engenheiro civil é peça fundamental – na lei e na prática – para que o projeto “saia do papel”. O engenheiro civil, por outro lado, também está de certa forma “refém” do mercado imobiliário. Há mais vagas, oportunidades e ganhos em épocas de boom desse segmento do que na sua ausência.
Quanto ganha um engenheiro civil
Segundo o CREA, o padrão de salário para um Engenheiro civil é uma média de R$ 7.377. Segundo o Glassdoor, a média pode chegar a R$ 14.000 com os benefícios.
Engenheiro Mecânico
O engenheiro mecânico, por outro lado, se insere em um mercado industrial fabril. Ele é responsável pelo projeto, supervisão e desenvolvimento de equipamentos mecânicos, tais como carros, aviões, eletrodomésticos e mesmo informática. A profissão ganhou maior grau de relevância com o crescimento de indústrias nesses segmentos. Eles também são responsáveis por projetos, junto de engenheiros de produção, de linhas de montagem. O modelo, essencial para corte de gastos de empresas, possui ampla margem de inovação.
Quanto ganha um engenheiro mecânico
O CREA diferencia o salário médio de um engenheiro mecânico automobilístico de um industrial e nuclear, por exemplo, indicando uma faixa de R$ 8.200,00 para os dois primeiros e de R$ 10.000,00 para o último. No Glassdoor, a média com benefícios gira em torno de R$ 19.566, com a Vale, Petrobrás e Ford entre as melhores pagadoras do Brasil.
Engenheiro Ambiental
Uma das áreas em alta das engenharias é a engenharia ambiental. Um engenheiro ambiental deve levar em conta princípios ESG na hora de formular seus projetos. Entre suas atividades estão a otimização do solo para plantio de forma saudável, a despoluição de rios e lagos e o desenvolvimento de cidades mais integradas ao meio ambiente. A atuação correta de um engenheiro ambiental aumenta o valor de empreendimentos de toda ordem. Além de acrescentarem valor financeiro, reduzindo custos desnecessários, também aumentam o valor intangível ao assinar iniciativas favoráveis ao meio ambiente e a normas internacionais.
Quanto ganha um engenheiro ambiental
Ainda segundo o CREA, a média de salário gira em torno de R$ 6.600, porém é um valor com poucos respondentes da pesquisa. No Glassdoor, a média com benefícios é de R$ 9.366, com empresas como SABESP pagando R$ 11.306.
Engenheiro de Produção
O Engenheiro de produção é responsável por aplicar todas as técnicas e inventividades da profissão engenheiro aos modelos de produção de diferentes cenários, do taylorista ao fordista. Reduzir desperdícios, aumentar eficiência e produzir novos modos de produção fazem parte da sua rotina. Em uma linha mais “soft skill”, um engenheiro de produção pode identificar melhoras na rotina produtiva do pessoal, melhorando o ambiente de trabalho enquanto aumenta a produção. Em um cenário mais “hard”, o engenheiro de produção pode propor novos equipamentos que agilizam e melhoram constantemente o produto final.
Quanto ganha um engenheiro de produção
O Conselho estipula uma média de R$ 8.171,00 de salário para um engenheiro de produção em começo de carreira. Além dele, o vagas.com estima uma média de R$ 7 mil, com um começo de carreira entre R$ 5 mil, valores próximos ao do site Glassdoor.
Engenheiro Químico
Assim como o engenheiro de produção, o engenheiro químico também pensará o desenvolvimento de ferramentas e processos. Porém, além disso, somará os conhecimentos químicos pois seu foco são produtos específicos do mercado. Consequentemente, a especialização torna o cargo procurado por empresas específicas do setor. O engenheiro químico ganha certo destaque no Brasil com a presença de muitas empresas petrolíferas no mercado. Entretanto, vale mencionar que o engenheiro químico acaba se especializando dentro da própria engenharia química. Alguns setores são especialmente importantes no Brasil, como o especializado no setor de celulose, no setor de óleos e no setor de mineração e siderurgia.
Quanto ganha um engenheiro químico
O CREA reconhece que as diferentes áreas de especialização traduzem em diferentes pisos. A área de petróleo é a com maior destaque – e não é para menos, em um país com uma Petrobrás – com a média das demais girando em torno de R$ 8 mil. Segundo o vagas.com, a média pode ser de R$ 6,5 mil, enquanto o Glassdoor aponta a média + benefícios sendo de R$ 9 mil.
Engenheiro Elétrico
Esse engenheiro será responsável pelos projetos de energia elétrica, analisando geração, transmissão e estocagem de energia. Uma vez que circuitos como chips e aparelhos eletrônicos de ponta também demandam expertise na área, não é incomum vê-lo desenvolvendo esse tipo de produto. Outro perfil de engenheiro com destaque no Brasil, o engenheiro elétrico consegue se expandir para a área de tecnologia – lidando com softwares e hardwares – como para a área de geração de energia – com gigantescas empresas termelétricas, hidrelétricas, nucleares e, mais recentemente, de energia limpa (solar e eólica).
Quanto ganha um engenheiro elétrico
Para o CREA, os valores não mudam muito do engenheiro recém formado para o com algum tempo de carreira, indo de R$ 7 mil a R$ 8 mil. Entretanto, os valores podem chegar a R$ 9,8 mil segundo o Glassdoor.
Engenheiro de Software
Uma das especialidades mais procuradas hoje e com adesão recente ao CREA (2018), o engenheiro de software usa a expertise de engenheiro no desenho, produção e desenvolvimento de aplicativos e sistemas informacionais. Com o boom de tecnologia e a demanda por profissionais capacitados, o engenheiro de software, assim como o desenvolvedor, são dois grupos que podem facilmente se expor ao mercado internacional.
Quanto ganha um engenheiro de software
O CREA estipulou a média salarial em R$ 10,4 mil, porém a profissão aparenta valores que começam em R$ 4 mil e podem chegar até R$ 16 mil. Esses, no entanto, são valores para trabalhos nacionais, e o profissional devidamente certificado pode pleitear trabalho mesmo remoto em outros países.
Órgãos reguladores da engenharia
Por ser uma profissão antiga e com grande respaldo científico – além de ser considerada uma das STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics, ou Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) – o exercício da engenharia, seja em uma carreira CLT seja mediante prestação de serviço como Pessoa Jurídica (PJ) é regulamentado. Os principais órgãos reguladores da carreira são o CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – e o CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.
CREA e CONFEA
O CREA é o órgão regulador do exercício de engenharia nos estados do Brasil. É necessário que o engenheiro formado regule sua situação de engenheiro junto a um desses conselhos. O aval para exercício da profissão, emitido pelo CREA, funciona como um certificado da OAB – e por isso você vai ouvir engenheiros comentando sobre renovação ou “tirar” o CREA. Já o CONFEA é o órgão superior e federal, responsável por julgar casos mais graves de infrações e questões relacionadas as engenharias. Ele funciona como a última instância de resolução e padronização da profissão. Sua última medida – regularizar a entrada do Engenheiro de Software no rol das engenharias – garantiu a esses profissionais um alto piso salarial. Para que um profissional possa atuar na engenharia, é necessário que ele consiga a certificação junto ao CREA da sua região, levando a relação de documentos solicitados pelo órgão e o diploma do seu curso de graduação.
Como é a rotina do Engenheiro
Embora tenha que lidar com abstração e matemática, o engenheiro é uma figura muito pé-no-chão no meio das ciências exatas, e sua rotina lida diretamente com o ambiente que será afetado. Consequentemente, é natural que na rotina da engenharia civil hajam visitas aos canteiros de obra e de um engenheiro elétrico às usinas ou linhas de transmissão que irá gerir. Para entender essa rotina é necessário ter algumas coisas em mente: como é o ambiente de trabalho e se ele atua, na empresa, como um gestor ou como um especialista.
Ambiente de trabalho
Muitas vezes os engenheiros irão trabalhar em equipes multidisciplinares, quando dentro de grandes empresas. Nessas equipes será necessário se fazer entender ao transmitir as informações precisas que foram pensadas. Também é importante destacar que o linguajar da engenharia pode soar complicado ou não render a transformação que sabe ser a melhor para o meio. Por outro lado, caso lide com grupos de profissionais técnicos ou executores, como peões de obra, equipes de instalação ou muitos juniores, os engenheiros precisarão simplificar e tornar suas ideias em algo palpável. Assim se foge ao estigma de um engenheiro “nariz em pé” e se consegue um melhor rendimento da força de trabalho.
Gestor ou especialista
Existem dois principais caminhos a serem percorridos na engenharia: ele pode se tornar gestor, somando a sua expertise técnica uma série de habilidades sociais para lidar com equipes e maior responsabilidade, ou se ele prefere se tornar um especialista. Um especialista será aquele profissional “solucionador de problemas”. Normalmente especialistas recebem mais pois encontraram problemas ou nichos de atividade que só eles conseguem solucionar. Esses especialistas costumam auxiliar gestores na tomada de decisão, dando os insights técnicos para que os gestores organizem sua execução.
O que você precisa para ser engenheiro?
O mercado de engenharia cresce a cada ano, com mais e mais profissionais entrando no mercado de trabalho. Isso faz com que certas habilidades o destaquem em uma entrevista de emprego. Entretanto, para ingressar em uma faculdade e conseguir o certificado necessário para atuar na área, fique atento às principais exigências de cursos de graduação:
- Matemática, que servirá de base para os cálculos (a maioria dos engenheiros chega ao cálculo 5, podendo seguir adiante, dependendo do curso);
- Ciências Naturais, com física e química direcionando boa parte das engenharias, apesar de não todas;
- Redação, forçando os alunos de engenharia a desenvolverem a capacidade de argumentarem os pontos desenvolvidos.
Além disso, uma vez no curso, será necessário se destacar frente aos demais colegas – o curso de engenharia forma cerca de 40 mil alunos anualmente. Para que você não seja mais um, separamos dez dicas sobre como se tornar um engenheiro de sucesso.