Como está a educação superior no Estado de São Paulo?

Como está a educação nos municípios paulistas?

Para responder uma pergunta ampla como essa, precisamos ir por partes, como fazia o famoso Jack. É preciso enquadrar partes menores da questão para começarmos a entender alguma coisa sobre o tema. Educação, ao contrário do que pregam alguns especialistas do Facebook, é um assunto extenso, difícil e complexo. Tem conhecimento específico, de método e muita, mas muita política envolvida. Tem muito Green Belt e Black Belt para essa análise, por isso espero que goste.

A primeira coisa que fiz para entender um pouco mais o cenário foi recorrer às fontes. Dei um pulo na fundação SEADE e consegui os dados dos municípios paulistas sobre o censo dos cursos de graduação presenciais. Com ele, foi possível entender um pouco mais sobre o número de matriculados no ensino superior e o número de concluintes.

Figura 1: número de alunos matriculados por cidade, nas 51 maiores populações estudantis do Estado.

Pelo gráfico da figura 1, é possível enxergar o peso da cidade de São Paulo no número de alunos matriculados no ensino superior. Pelos cálculos, a cidade de São Paulo representa 38% dos alunos matriculados no ensino superior do Estado. Em segundo lugar, vem o munícipio de Campinas com 7,9% e em terceiro, completando o pódio, São Bernardo do Campo com 5,54%.

Se levarmos em conta a população, pode-se afirmar que São Paulo tem um aluno de graduação a cada 17 habitantes. Campinas 13 e São Bernardo 14,7. Mas, qual será a cidade com o maior número de alunos de graduação pela sua população? Engenheiro Coelho, com 4,90 habitantes para cada aluno. Sei, como é uma cidade pequena (18343 habitantes), caímos nas leis dos pequenos números. Se considerarmos apenas as cidades com uma população superior a 100.000 habitantes, Presidente Prudente e São Caetano do Sul lideram.  Tem elas, 8,8 e 9,7 habitantes por aluno, respectivamente.

E qual a natureza das instituições (federal, estadual e privadas)?

Qual a proporção entre ensino público (federal e estadual) e ensino privado nos cursos de graduação do Estado? A figura 2 explorou a proporção nas 10 cidades com maiores populações de matriculados no ensino superior.

Figura 2: natureza da instituição de ensino superior por % de alunos matriculados.

São Carlos é a cidade com maior percentual de matriculados no ensino público superior. 72% dos alunos de São Carlos estão no ensino público, um número muito superior ao segundo colocado, Araraquara com 27%. Acima de 20%, o Estado tem apenas São Carlos, Araraquara e Piracicaba. É um dado, para mim, bastante interessante essa concentração do ensino público superior na cidade de São Carlos.

E o que mais podemos nos perguntar para entendermos ainda mais sobre a educação no Estado? Um ponto importante de uma análise como essa é entender como o zoom nos dados pode ser utilizado. Podemos olhar no detalhe para os indicadores do Estado, ou olharmos em detalhe para os munícipios, mas com um ou outro indicador. Cada lente que colocarmos nos mostrará um aspecto do sistema.

Como mostrar vários indicadores e vários municípios?

Podemos utilizar tabelas. Sim, apesar de gráficos serem mais utilizados, pela sua facilidade na exposição de conceitos complexos, podemos utilizar tabelas. Por meio da análise dos dados, é possível enxergar que o Ensino Superior do Estado de São Paulo tem a seguinte distribuição de matriculados:

• Matrículas Rede Federais – 2,59%


• Matrículas Rede Estaduais – 10,41%


• Matrículas Rede Municipal – 2,65%


• Matrículas Rede Privada – 84,34%

Olhando sob esta óptica, o Estado tem grande parte dos alunos de ensino superior matriculados na rede Privada, o que nos mostra o tamanho do mercado de educação superior. Agora, como será que é a distribuição de alunos concluintes? Será que é a mesma ou a evasão é diferente em cada tipo de instituição?

Tabela 1: distribuição dos alunos por tipo de instituição no Estado de São Paulo.

Pela tabela 1, chama a atenção as relações de alunos matriculados por concluintes. Parece, que a expansão no ensino superior federal nos últimos anos ainda não começou a produzir alunos para o Estado. Há uma relação de 35 alunos matriculados para 1 concluinte. Não sei se é um número bom ou ruim, pois uma faculdade de engenharia com 60 alunos, se não houvesse reprovações ou desistências, teria uma taxa de 5 para 1.

Como está a relação graduandos x população?

Qual cidade tem mais e menos habitantes por graduandos? Vamos analisar.

Figura 3: Relação entre população x concluintes do ensino superior.

Pela figura 3, o Estado de São Paulo tem uma mediana de 212 habitantes por concluinte, ou seja, cada ano, um novo profissional é formado para cada 212 habitantes. Por que esse número é interessante?

Imagine se você é um profissional recém-formado. Qual cidade seria melhor para iniciar sua carreira? Várias hipóteses poderiam vir à sua mente, pois talvez escolhe a com menor concorrência ou talvez escolhesse a com maior, pois lá, deveria ter mais empresas.

Agora como empresa, faz sentido uma análise semelhante. Se fosse uma empresa em expansão, escolheria a região com menor taxa de habitantes por concluintes, em outras palavras, maior % de formando na população. Isso, me garantiria um fluxo de novos profissionais necessários para suportar o crescimento.

Tabela 2: Cidades com mais concluintes pela população.

E como está a relação dos tipos de cursos feitos pelos alunos?

Tabela 3: Tipos de cursos

Por meio dessa análise, é possível entender as relações entre matriculados e formados de cada curso. Para engenharia, um curso de 5 anos, a relação está em 10. Isso mostra que há evasão e/ou alunos gastando mais do que 5 anos para se formar. Outro ponto interessante é o % que os cursos Ciências Sociais, Negócios e Direito representam: 45% dos formados.

Como sou engenheiro, me pergunto: quais as cidades que mais engenheiros formam no Estado de São Paulo?

Tabela 4: formação de engenheiros por cidade.

Preciso reforçar que todos os dados de aluno discutidos aqui nesse artigo, são dados de 2015. Procurei os mais recentes, mas não os encontrei. E aí? O que achou da educação no Estado? Alguma dúvida ou comentário? Mande para nós.