Guilherme Vieira, é gerente industrial de logística, formado em administração de empresas, tem MBA em gestão e produção e logística pela Unisinos e também MBA em gestão empresarial, administração de empresas pela FGV, tem mais de vinte anos de experiência em empresa multinacional e com uma atuação na área de operações industriais.
Ele também tem ampla vivência em monitoramento de objetivos estratégicos da empresa e está há dez anos no nível mais gerencial.
Quais os aprendizados do seu início de carreira?
Bom, eu estou vinte e mais de vinte anos trabalhando em empresas multinacionais. Eu entrei numa multinacional, no meu segundo emprego, eu sou formado em eletrotécnica e automação. Trabalhei seis meses consertando telefones celulares, aí eu comecei na Ambev como estagiário técnico na área de eletrônica e automação e aí foi tudo consequência do trabalho.
Então eu fui estagiário técnico, depois fui operador de máquina, nesse tempo eu fiz a minha faculdade em administração, e aí comecei a dar os próximos passos de carreira. Fui planejador de produção trabalhando com logística. Nesse tempo a Ambev expandiu e comprou uma outra cervejaria no Rio de Janeiro. Foi quando eu tive a minha primeira transferência.
Fui para um desafio maior, voltei de novo para área industrial, tocando produção nessa mesma planta no Rio de Janeiro rodei várias áreas, qualidade, financeiro, projetos, para em 2013 assumir uma posição gerencial como gerente de produção no Rio Grande do Sul. Eu exerci mais outras três posições entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, inclusive na maior fábrica de refrigerante do Brasil em Jundiaí.
Depois disso eu fui gerente de planta em Manaus e eu fiz uma pequena reviravolta na minha carreira, eu acabei trocando, Ambev por uma empresa menor, bem menor, que faz suplementos esportivos, onde eu entrei como gerente de produção e logística.
E agora acabei fazendo outra reviravolta e daqui cinco dias eu começo em uma outra empresa também como gerente industrial, então são oportunidades que vão surgindo e acabamos aproveitando quando o momento é certo.
Como os seus estudos contribuíram para a sua carreira?
Acho que qualquer formação, quando você faz uma faculdade, às vezes a gente pensa que tem um monte de matéria que nunca vamos usar, mas em algum momento ao longo da carreira você acaba tendo um conhecimento aqui, um conhecimento ali que você acaba utilizando.
Mas focando um pouco mais no Lean Six Sigma eu acho que tem um ditado aqui que a gente aprende quando faz qualquer belt, seja desde o white até o black que é colher as frutas que estão no chão. Então acho que Lean Six Sigma é um negócio que eu consegui usar muito bem na minha carreira de entender aqueles desafios que são fáceis de serem atendidos de imediato as "Quick Wins". Então talvez esse seja o principal ponto de ter essa essa formação.
Sobre os MBAs talvez tenham assuntos que o professor esteja falando e você já conheça, porque geralmente quando você faz MBA você já fez a faculdade você já está com a sua carreira um pouco um pouco adiante, eu acho que esse exercício de o tempo inteiro está prestando atenção e tentando entender onde você pode aplicar o que está sendo dito acho que é fundamental.
O que você considera essencial para uma promoção de carreira?
Eu acho que primeiro pensando em uma promoção eu acho que primeiro você não deve trabalhar pensando em uma promoção. Você deve estar muito alinhado com com com seus gestores e diretrizes da companhia que você trabalha e trabalha para atender aquilo que a empresa espera.
A promoção é uma consequência, se você trabalhar para promoção você acaba construindo um castelo de cartas, porque você vai fazer um trabalho de curtíssimo prazo e isso é muito fácil.
Você precisa que as pessoas dêem um pouco mais delas. Você promete aumento, você promete promoção, você promete um monte de coisa. Quando você for promovido isso fica pra quem veio depois de você para pra resolver.
Então, acho que primeiro estar muito alinhado com aquilo que é o objetivo da companhia, com aquilo que faz diferença pra companhia e trabalhar para aquilo. As pessoas que estão acima de você vão ver em algum momento.
O networking é importante. A gente sabe que tanto na recolocação quanto numa promoção é importante, ele não é ele não é um diferencial mas ele pode acabar se tornando excludente. Então eu acho que as pessoas que pensam que a gente tem que ter um foco muito grande naquilo que a que a companhia espera.
Você alinhou com o seu gestor mas isso não lhe dá o direito de tratar mal as pessoas ou tratar mal os pares. Então você tem que ter entre entregar os objetivos que lhe são cobrados e manter um ambiente bacana de trabalho.
Logo, pensando dentro de um dentro de uma organização, a forma de eu conseguir uma promoção é você conseguir trabalhar de forma sempre respeitosa, empática, mas entregando resultados.
Quais foram os principais desafios da sua carreira?
O principal foi quando eu tive uma mudança muito grande, eu troquei de função de região geográfica do país, ou seja, eu saí de gerente de produção para gerente de planta, do Sudeste pro Norte e ainda foi em janeiro de 2020. Então quarenta dias depois, começou a pandemia.
E eu acho que a maior dificuldade que eu tive na minha carreira foi, eu que sempre fui ligado a operações, ter que tocar uma operação à distância. Eu acho que mais gestores de operações tiveram essa dificuldade, talvez alguns tenham feito até com muito mais maestria do que eu, mas nessa dificuldade surgiu em mim uma habilidade que eu não tinha, que é a de confiar mais nas pessoas.
Um gestor de operações ele gosta de estar próximo, tá no chão da fábrica, tá no chão da logística, que tá vendo as coisas acontecer, não por desconfiança, mas por hábito. São vinte anos trabalhando dessa forma e de repente eu não podia estar lá. Isso me fez desenvolver uma confiança, mesmo sem você estar lá, vai dar certo. E no começo tive um frio muito grande na barriga.
Então, falando aqui talvez para alguns gestores é que dá para confiar, sabe? Não podemos ser aquele pai que o filho começa a caminhar, a gente segura na mão e daqui a pouco fica com sete anos a gente ainda tá segurando na mão, dá para soltar, e se a gente não soltar ele não vai aprender a andar.
Como conduzir com sucesso um time, e manter eles engajados?
Na maior parte das minhas vezes eu tive sorte de pegar times engajados. Eu não posso reclamar disso. Mas já tive alguns desafios, eu acho que um conselho que eu possa dar, eu conversava sempre com os times quando eu percebia que talvez existisse engajamento, mas talvez um engajamento um pouco individualista, não pelo time.
Eu sempre contava a máxima de que qualquer discussão que a gente entrasse a gente tinha que entrar pra a gente tinha que entrar pra ganhar do problema, não a discussão. E eu acho que isso envolve ego. Então sempre falo para os meus times. A melhor forma da gente trabalhar é que do lado de fora das nossas salas exista um cabide, a gente chega, pendura o ego e discute aqui dentro pra resolver os problemas.
Então, acho que talvez a maior forma de manter um time engajado é entenderem que cem por cento do tempo tudo que você está fazendo é pra resolver algum problema.