lean Seis sigma na industria
Carreira

23 de novembro de 2022

Última atualização: 27 de dezembro de 2022

Os desafios da implantação do Lean Seis Sigma na indústria: Papo Carreira com Andrea Souza

Andrea Souza, farmacêutica bioquímica formada pelas Faculdades Oswaldo Cruz é especialista em homeopatia.


Especialista também em garantia da qualidade e em microbiologia, tem MBA em gestão empresarial, docência também pela FGV e atualmente é diretora de qualidade, assuntos regulatórios e melhoria contínua da ABEST.

 

Por que você se interessou pela área de farmacêutica bioquímica e como trilhou seu caminho?

 


Bom, na época do colégio ainda me encantava a mistura de elementos químicos em laboratórios e então busquei uma formação que me atendesse ao que eu gosto. Eu acho que tudo que a gente faz a gente tem que fazer com amor, então escolhi de coração o curso de farmácia.


Já no início de carreira tive a oportunidade de trabalhar numa multinacional americana de medicamentos. Nessa indústria eu tive a primeira experiência na área de qualidade. Eu entrei como assistente de documentação e aí percorri, trilhei os meus caminhos dentro da companhia, sempre dentro da área de qualidade.


Na época tive um diretor que falava muito de Lean Seis Sigma e aquilo me encantava, então começamos a abordar ou a trabalhar, desenvolver ferramentas de qualidade em investigações ou no próprio processo de melhoria de processos, mas nunca com a metodologia Lean Seis Sigma e sim só com as ferramentas.


Quem trabalha na área farmacêutica sabe que é um mercado regulado e que diferente das montadoras automobilísticas não podemos sair mudando coisas. Nós respondemos para a ANVISA né? Então tudo precisa ser muito bem documentado e testado antes e algumas vezes submetido para aprovação do órgão regulador.

 

Quando você começou a se preocupar em se aperfeiçoar na área da qualidade?

 


Eu acredito que qualquer profissional precisa agregar o estudo com a experiência, um sem o outro nem sempre dá certo. Então eu comecei a buscar uma pós-graduação ou um curso de aperfeiçoamento ou mesmo uma especialização dentro da área de qualidade.


Isso acabou causando a minha transferência para uma outra empresa e aí sim uma empresa nacional, onde não tínhamos muita automatização. Então, precisávamos ser criativos em relação ao engajamento, ao trabalho em times.


Busquei a minha primeira especialização em garantia de qualidade. Já trazendo o que eu tinha aprendido com o diretor industrial da empresa anterior em termos de ferramentas de qualidade básicas como brainstorming, Ishikawa e Pareto. Ferramentas que todos que trabalham com melhoria ou com qualidade já ouviram falar ou já trabalharam.


Com essa especialização eu consegui alcançar outro patamar, eu era supervisora então passei a um cargo gerencial, implementei um sistema de qualidade total na empresa que eu trabalhava.


Olhar a qualidade de uma maneira geral e depois se especializar no segmento em que se trabalha, eu acho importantíssimo. Foi isso que eu fiz e deu certo.

 

Como conseguir experiência se não consegue oportunidades?

 


Eu acho que em pequenas cidades ou capitais mesmos de estados que não são fortes naquele segmento, eu aconselho que ela se mude, porque tudo acontece em grandes cidades como Rio, São Paulo, e de verdade, nesses vinte e oito anos de experiência que eu tive contato com alguém que tinha interesse foi exatamente da mesma forma, estudando enviando currículos.


É um trabalho difícil, é um trabalho que exige dedicação e muito esforço, e, na hora certa, acontece, porque eu acredito em sincronicidade também. No momento certo, a oportunidade vai aparecer.


Às vezes a gente precisa dar um downgrade na carreira. Se você já está como supervisor ou como gerente e quer começar em uma outra área, às vezes tem que dar um passo atrás se é aquilo o seu desejo.


Se aquilo que te motiva, que te move, que te faz acordar todos os dias com o brilho no olhar, então vai em frente que uma hora ou outra oportunidade surge. Com certeza.

 

Você tem algum conselho para quem está começando a carreira?

 


Eu acho que não só em qualidade, mas quando você tá começando qualquer carreira você precisa ler muito a respeito de onde você quer trabalhar. Qual é o segmento? Qual é o negócio?


Eu me lembro que eu fiz uma tabela quais eram as aplicabilidades de um farmacêutico. Onde ele podia trabalhar? Numa drogaria, num hospital, numa farmácia de dentro de um hospital ou numa farmácia que fornece medicamentos, que fabrica o medicamento e fornece para aquele paciente. Ou na farmacêutica tradicional, ou na indústria farmacêutica. E eu vi ali nessa tabela de oportunidades o nicho de mercado que eu gostaria.


Mas eu confesso que eu não fui atrás naquele momento. Eu olhei e falei que essa deve ser uma experiência fantástica e acabei indo trabalhar com outra coisa.


Eu trabalhava com monografias de drogas farmacêuticas. Então eu escrevia posologias e como se aplica, qual é a dose diária daquela droga pra que ela tenha um efeito terapêutico. E num determinado momento, uma antiga chefe nessa empresa me chamou pra trabalhar no na indústria farmacêutica. Então, por isso eu acredito nas oportunidades na hora que você está preparado ela aparece.

 

Você teve diversas experiências em outros setores além da indústria farmacêutica, como foi a aplicação da qualidade em diferentes indústrias?

 


Bom, eu diria que foi e ainda é um grande desafio. Claro que o meu maior background é o farmacêutico, então eu aprendo todos os dias na área de alimentação ou animal ou humana. Tive que recorrer a cursos de curto prazo, não de especialização, mas cursos voltados a área ou de pet.


A Adeste tem uma área de alimentação animal ou de alimentação humana, porque nós também temos a alimentação humana no nosso menu. E eu diria que assim é uma empresa diferente da regulagem Anvisa porque quem regula é o Ministério da Agricultura.


Então, o estudo ele me acompanha constantemente. Eu preciso saber quais as certificações são importantes para cada um dos sites envolvidos em cada tipo de negócio.


Um conselho pra quem quer ser generalista, porque eu fui especialista de farmacêutica por muitos anos, mas o generalista, ele não conhece em profundidade cada tema.


Ele conhece pra fazer com que os especialistas trabalham. E a qualidade de uma maneira geral ela é muito generalista.


Você sabe exatamente quais os passos, o que você faz, o que você registra, como você faz, como você registra, isso é universal.


Quando você trata de qualidade universal, obviamente você vai deixar passar a parte especialista daquela área. Então, você precisa ter um time multidisciplinar que conheça a fundo cada um dos negócios para que você consiga organizar e estabelecer estrategicamente quais são os caminhos a seguir.

 

Qual o maior obstáculo que você encontrou na implementação de melhoria contínua?

 


Existem vários, não existe um único obstáculo. Mas o primeiro obstáculo é aquele: não vou conseguir implementar. Esse é o primeiro. Se você tirar esse e qualquer outro com muita argumentação, porque o outro gestor tem que entender o motivo daquilo estar sendo implementado.


E aí eu diria que no curso de Master Black Belt você consegue todas essas argumentações que são bem interessantes.

 

Como você disseminar a cultura de melhoria contínua? Como você engaja um time? Principalmente um time multidisciplinar que normalmente não é seu. Tem pessoas de outras áreas que compõem aquele projeto. Então, se todo mundo comprar a ideia, as barreiras elas vão sendo eliminadas. 
 

Você tem que ter um bom patrocinador daquele projeto de melhoria para que ele te apoie. Quer financeiramente ou com argumentações os times que estão abaixo dele. No caso do patrocinador, mas fundamentalmente é você explicar para as pessoas o motivo das mudanças.


Quando ela vem vamos dizer por goela abaixo ninguém gosta. Agora se você conversou, se você mostrou a melhoria, quer por tempo, quer economicamente, financeiramente falando pessoa do lado de lá compra.


As barreiras, os obstáculos acabam sendo ultrapassados. Você deixa ele como obstáculo e ele passa a ser algo a seu favor, essa é minha dica, mas é muita conversa.

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Equipe FM2S

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